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Aramis

No campo de batalha

1) Apesar de um público reduzido, os encontros dos realizadores de filmes em competição nas manhãs, no hotel Carlton, têm sido produtivos em suas exposições. Mas dois dos realizadores de longas não compareceram: Octávio Bezerra ("Uma Avenida Chamada Brasil") encontra-se em Londres montando um novo documentário (sobre as queimadas no Brasil, produção para TV-BBC) e Lui Farias ("Lili, A Estrela do Crime"), desinteressado dos destinos deste filme e que teve problemas com a produção, preferiu ficar no Rio, ajudando seu irmão, Mauro Farias, na pré-produção de "O Inútil". xxx 2) Lúcia Murat, a montadora Vera Freire e o compositor Aécio Flávio, da equipe de "Que bom te ver viva", no encontro com jornalistas fizeram colocações precisas sobre este filme de tanta emoção e atualidade, perante o qual é impossível permanecer indiferente. Já em exibição no Rio e São Paulo, "Que bom..." funciona como mil discursos políticos e não há um único espectador que após assisti-lo se convença a votar em candidatos que tenham tido vínculos com os "governos revolucionários". xxx 3) Júlio Bressane mostrou humor irônico, com certa dose de pretensiosidade, para justificar seu hermético "Os Sermões". Disse ter lido, com muito prazer" os 15 volumes da obra de Vieira e ter feito o filme com a "inconsciência de um sonho". Numa linguagem barroca, utilizando fragmentos de 18 filmes de várias épocas ("Cidadão Kane", "A Paixão de Joana D'Arc", "Ouro e Maldição etc.), com um elenco que vai de Othon Bastos até o poeta Augusto de Campos, com duas intervenções de Caetano Veloso (numa delas cantando "Triste Bahia"), o filme de Bressane pode provocar uma verborragia de interpretações. Em público, entretanto, não alimentou maiores explicações - preferindo mais criticar as administrações anteriores da Embrafilme, que por anos nem permitiram que ele e outro do cinema de invenção, o catarinense Rogerio Sganzerla, sequer entrassem no elevador. "Foram administrações de rapina em que deixaram a terra arrasada em termos cinematográficos".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/11/1989

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