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Aramis

No campo de batalha

Lúcia Murat, diretora de "Que bom te ver viva" - que ao lado de "Minas Texas", de Carlos Prates (mas que usa o pseudônimo de Charles Stone neste filme) defende as cores-verde-amarelas na competição, só chegou sexta-feira, mas a tempo para a sessão da noite, em que o seu filme foi projetado - após os candidatos da Espanha ("Le Luna Negra", de Imanol Uribe) e Hungria ("Mr. Universe", de Georg Szomjas). A atriz Irene Ravache só virá amanhã: é que ela está fazendo a peça "Uma Relação tão Delicada", de Lecleh Belom, com casa lotada, todas as noites, no Teatro São Luiz, em São Paulo. Lúcia e Irne deverão ir a Curitiba no dia 5 de dezembro, participar de um debate a propósito do filme que recebeu os três principais prêmios em Brasília, além da montagem (Vera Freire) a atriz (Irene) e pode sair com novos troféus do FestRio. Ao menos, é um dos favoritos para a premiação da Organização Católica de Cinema - que destaca sempre o filme de Lúcia Murat. xxx Muitos convidados internacionais estavam aguardando desde a sexta-feira. Um dos mais badalados é Jim Jarmusch, 36 anos, que com seu "Estranhos no Paraíso" (1984), exibido no Midnight Movies, do FestRio, se tornou um cult-diretor, com uma cobertura imensa da crítica. Há 3 anos, seu "Down By Law" repetiu a dose - e conseguiu inclusive lançamento comercial. Agora, com "Mistery Train" - que fez parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (e abriu o restolho da mesma, no cine Ritz, em Curitiba, dia 6 de novembro), entra na mostra informativa. No Rio na semana passada, o eficiente jornalista João Luiz Albuquerque, chefe de imprensa do FestRio comunicava que Jim avisou que não dará entrevistas. Mas, nestas alturas, pode até ter mudado de idéia. xxx O filme de encerramento (dia 21), "Assassinato sob Custódia" (A Dry White Season"), é uma produção da MGM (US$ 9 milhões), dirigida por Euzhan Palcy, 30 anos, nascida na Martinica, e que teve seu primeiro longa "Rue Cases Négres", premiado com o Leão de Prata em Veneza, há 5 anos - e exibido no FestRio, quando ela veio ao Brasil. Em "Assassinato sob Custódia", aborda o racismo na África do Sul, a partir de um romance de André Brink e Marlon Brando, há anos sem filmar, gostou tanto do roteiro que aceitou fazer o advogado McKenzie (que aparece pouco na tela, mas está brilhante, segundo os que já viram o filme) ganhando apenas US$ 3 mil (para "Superman I", há 6 anos, cobrou US$ 3 milhões e tem recusado propostas fantásticas). Este filme - que terá sua primeira exibição aqui em Fortaleza - é distribuído pela CIC, que talvez o programe para o início do ano no Cine Condor. xxx Em homenagem ao cinqüentenário do National Film Board of Canadá, acontece uma grande mostra retrospectiva da principal instituição de cinema daquele país. Naturalmente, o grande destaque é para Norman (1914-1987), o maior nome da animação moderna e que utilizou novas técnicas como pastel, a gravura direta sobre a película, o som sintético, as três dimensões. Nascido na Escócia, foi descoberto por John Grierson (1898-1972), fundador do National Film Board do Canadá, para onde McLaren foi em 1941. Nove dos mais famosos filmes de Norman - entre "Mail Early for Christmas" (1941) a "Narcissus" (1982) estão nesta mostra. xxx Na mostra de vídeo, mais uma vez, total ausência do Paraná - ao contrário de videomakers de outros estados que concorrem nas diferentes categorias. A única aproximação com nosso Estado é do realizador Ronaldo Duque, que durante alguns anos trabalhou na TV Tarobá, em Cascavel e que, quando na morte do cacique Cretan, fez um curta em 16mm, produzido por Velêncio Xavier, na época diretor da Cinemateca do Museu Guido Viaro. Aquele filme "Póstuma Cretan", foi levado a festivais em várias partes do mundo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
26/11/1989

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