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Aramis

No campo de batalha

Dia 21 circula uma nova revista social-cultural: Momento. Editada pela jornalista Juril de Plácido e Silva Carnascialli, em parceria com duas outras profissionais - Elinedi Capelini e Silvia Alves, pretende preencher um espaço na imprensa paranaense. Juril, filha do advogado e jornalista Oscar Joseph de Placido e Silva (1892-1963) preferiu um novo título - ao qual chegou após muita pesquisa - do que resgatar o nome Guaíra, que marcou a revista fundada por seu pai, de quem foi secretária toda a vida, e que circulou entre fevereiro de 1949 e 1956. Nos sete anos em que circulou, a revista Guaíra foi uma das mais importantes publicações regionais que marcavam a imprensa brasileira na época - a Revista do Globo, em Porto Alegre; Alterosa, em Belo Horizonte, por exemplo. Os melhores nome do jornalismo passaram pela Guaíra, referencial básico para se entender melhor o Paraná no início dos anos 50 - e a espera de que apareça um estudioso de comunicação para produzir uma dissertação de mestrado a respeito. Justamente pela publicação fundada por seu pai ter marcado uma época, Juril, elegantemente, preferiu buscar um novo título, "de acrodo com os nosso novos tempos", diz. O médico Cesar Augusto Cornel, da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, que há três semanas viajou para a França, onde por um ano frequentará curso de Fertilidade Humana no Hospital Antoine Bélclère, em Clemart, foi com a cara e a coragem. Apesar da Capes ter negado a bolsa e mesmo o governo recusado manter seus vencimentos de médico de Estado, Cesar e a esposa, Alzira Eugênia, estão em Paris, hospedados na casa do médico Michel Rabinovitch, que vem a ser o seu contraparente: é casado com a baiana Maria Eugênia Mello Viana, irmã de sua mulher. Alcides Melo Viana, o "Baiano", foi convidado pelo prefeito eleito de Antonina, Leopoldino de Abreu, para implantar a Secretaria da Cultura do município e coordenar o setor de comunicação social. O "Baiano" ainda não se decidiu: em sociedade com Julio Cuvello, possui um lucrativo estúdio de fotografia, agora em novas instalações na Rua Senador Alencar Guimarães. Em Curitiba, revendo amigos, Maria Amélia de Abreu Linhares, que há três meses está em Belém do Pará, tentando implantar a delegacia regional do Concine. Quem também passou por Curitiba no final da semana foi a professora Elisa Gonçalves, secretária-geral adjunta do Ministério da Cultura - hoje a terceira voz dentro do Minc e que chegou a esta função pelos seus méritos e pela confiança nela depositada pelo ministro José Aparecido. Anteriormente, Elisa dirigia o Serviço de Defesa do Consumidor do Distrito Federal. Generosamente, Elisa está procurando apoiar projetos culturais do Paraná junto ao Ministério da Cultura. Prova de que não guarda rancor: no infeliz governo José Richa, foi uma das competências mais prejudicadas pelo então secretário da Cultura, que tentou destruí-la profissionalmente. Sem ódios, continua a ter seu espaço na cultura - pois tem talento para tanto. Aproveitando a época, o Clube do Livro está lançando "A Vida de Nosso Senhor" de Charles Dickens (tradução de Geir Campos, 144 páginas, Cz$ 2.800,00). Edição ilustrada, este romance do autor de "David Copperfield" constitui "um verdadeiro evangelho fraternal onde está expressa com nitidez a filosofia sentimental do autor." Mais um título para robustecer a bibliografia cinematográfica: amanhã, em São Paulo, na sede da Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna de São Paulo, será lançado "Cinema e Verdade" (Marilyn, Bunuel etc., por um escritor de cinema) de Francisco Luiz de Almeida Salles, edição da Companhia das Letras em colaboração com a Fundação Cinemateca Brasileira, da qual o autor foi um dos fundadores.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/12/1988

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