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Aramis

No campo de batalha

Dentro do amplo programa de eventos culturais que marcaram ontem, 19 de dezembro, o transcurso da data comemorativa à emancipação política do Paraná, esteve o lançamento oficial do Concurso Nacional de Contos, reeditando, assim uma promoção criada há 20 anos por Paulo Pimentel, quando governador do Estado. Só que em 1968, ao ser criado o Concurso Nacional de Contos, então coordenado pela Fundepar (na época dirigida por Cândido Manoel Martins de Oliveira, hoje conselheiro do Tribunal de Contas), Paulo Pimentel fez questão que a premiação tivesse grande expressão econômica - o que atraiu concorrentes do primeiro nível. Agora os valores oferecidos são reduzidos e ameaçam ficarem corroídos pela inflação até junho de 1988, quando serão entregues aos vencedores: apenas Cz$ 190 mil para os três primeiros colocados. No mínimo, os valores deveriam ter sido calculados em ORTNs. Também há pouco tempo para a divulgação e recebimento dos trabalhos: no dia 10 de março as inscrições se encerram. De qualquer forma, foi válido o interesse do secretário Renê Dotti, da Cultura em reeditar a promoção. Até por uma razão sentimental ele fez questão de que o concurso voltasse a ser promovido: chegou a participar (e ter menção honrosa) numa das edições do antigo concurso. xxx Depois de muitas expectativas, finalmente o secretório Dotti compôs o Conselho de Editoração, que vai tentar agilizar uma área difícil. Democraticamente, Renê ouviu opiniões, aceitou segmentos. Assim, há a presença de Wilson Cordeiro, 56 anos, antes de tudo um leitor voraz, ex funcionário da Fundepar, ex-assessor da Fundação Cultural de Curitiba (período em que promoveu algumas boas edições de autores paranaenses), no mínimo um homem bem informado do que sai editorialmente no Brasil - embora nunca tenha escrito nenhuma obra. Alberto Cardoso, poeta popular, desde a último quarta feira, 15, o novo arrendatário do bar ("Bar do Cardoso"), no prédio da antiga União Paranaense dos Estudantes, é, aos quase 60 anos, paranaense do litoral, uma figura queridissima na noite curitibana. Ótimo declamador, sempre encantou os fregueses de seus bares - inicialmente na praça da Espanha, depois na Rua Visconde de Nacar - com uma interpretação especial de "Urbe Urge ", a poesia mais conhecida de seu amigo Reinoldo Atem (outro poeta conhecido na cidade, nomeado por Dotti para a comissão organizadora do concurso de contos). A escolha do simpático Cardoso para o conselho editorial é representativa de toda uma geração de escritores, especialmente jovens, que freqüenta a noite e, até hoje, via com restrições e desconfiança a política cultural oficial. O jornalista, poeta e cronista José Carlos Correira Leite é autor do livro "Domingo José Vai à Feira", tem várias parcerias com José Oliva e é membro da assessoria de imprensa da Secretaria da Cultura. Estes três membros terão mandato de um ano, tendo como suplentes nomes menos conhecidos: Josely Vianna Baptista, Suman Gueenen e Artur Maiole Neto. xxx Com mandato de dois anos, foram indicados Cassiana Lacerda Carolo, Nilson Monteiro e Hélio de Freitas Puglieli. Cassiana, professora da Universidade Federal do Paraná, dois livros publicados, autora de uma tese sobre o simbolismo que teve reconhecimento internacional, foi quem desenvolveu durante a administração Ney Braga, quando o advogado Luis Roberto Soares ocupava a Secretaria da Cultura, um programa editorial ainda insuperável. No mínimo, é a pessoa de maior know-how na comissão. Hélio Fileno Puglielli, ex-jornalista d' O ESTADO DO PARANÁ, assessor da FUNDEPAR, ex-superintendente da Fundação Teatro Guaíra, professor do curso de Comunicação da UFP, é um schollar, recolhido em sua biblioteca - da qual só sai para o serviço, com uma sólida base cultural. Nilson Monteiro, 38 anos, ex-Folha de Londrina, hoje da sucursal da revista "Isto É" no Paraná, representa a inquietação jovem no conselho. Ótimo texto, bom repórter, intelectualmene interessado em vários setores e com o mérito de ter independência cultural de grupelhos, já foi integrante do Conselho Estadual de Cultura. Como suplentes dos conselheiros Cassiana, Hélio e Nilsom estão Emir Mancia e as jornalistas Regina Kracik Teixeira (cronista de assuntos do quotidiano, colaboradora de O Estado, jornalista e assessora de imprensa em vários órgãos) e Regina Benitez, escritora com premiações nacionais e funcionária da Secretaria da Cultura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/12/1987

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