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Aramis

No início do século, a troca dos loucos pelos presidiários

A construção cinzenta no então distante Bairro do Ahu no alvorecer do século destinava-se a ser o Asilo para Alienados N. S. da Luz, iniciativa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia que tinha como provedor o então arcebispo Dom Alberto José Gonçalves (Palmeiras, 20/7/1859 - Ribeirão Preto, SP - 6/5/1945). Só que o então presidente do Paraná, Francisco Xavier da Silva entendeu que o seu aproveitamento seria melhor para a prisão provisória - já que a criminalidade começava a encher a cadeia pública da cidade. Foi feito então um acordo que, de certa forma, se repetirá agora, 85 anos depois: em 28 de abril de 1905, um contrato obrigava ao governo do Estado a construir o Asilo para Alienados na distante avenida São José (hoje Marechal Floriano Peixoto), na época também longe do centro da cidade. Mesmo antes da construção do asilo ser concluído, uma primeira parte do edifício no Ahu passou a ser ocupado como presídio, conforme registra o historiador Ermelino Leão na página 1.545 do volume IV de seu "Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná", uma das poucas fontes com registros sobre este prédio - e cuja história, inclusive com possíveis correções, deve ser levantada agora. Em 6 de março de 1908, o Sr. Francisco Gutierrez assinava um documento em que lembrando que o cumprimento de todas as cláusulas do contrato assinado em 28/4/1905 haviam sido cumpridas, solicitava a escritura definitiva do terreno e imóvel - que passou então para o governo do Paraná. Nestes quase 100 anos em que a Prisão Provisória do Ahu existe aconteceram estórias que os moradores mais velhos do bairro gostam de contar. Hoje, cercado de grandes edifícios residenciais, há menos de 500 metros do terminal do Cabral, a gleba urbana que, cercada, foi sempre identificada a prisão de ladrões, assassinos - e também presos políticos em algumas ocasiões revolucionárias - se transformará, ainda nesta primeira metade dos anos 90, num novo e especial conjunto urbanístico.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/02/1990

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