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Aramis

No livro sobre Flora, o encontro com Airto

Há 5 anos a CBS-TV interessou-se pela história de Flora Purim, cantora e compositora que chegou ao primeiro lugar no Jazz Pool da "Down Beat", conquistou grande popularidade nos Estados Unidos e, repentinamente teve que interromper sua carreira devido a acusação de uso de drogas. Mulher vigorosa, Flora não parou: criou músicas falando em liberdade, dando um exemplo de força, retornou à carreira artística, ao ponto de, no ano passado, o elepê que fez com o marido, Airto - "Humble People", ter valido a indicação ao Grammy (o Oscar da indústria fonográfica), pela faixa "20 anos Blues", de Suely Costa. Agora, um novo álbum de Flora está sendo lançado nos EUA, "The Magicians". O filme projetado pela CBS acabou não saindo, mas um dos pré-roteiros foi transformado num livro, "Freedom Song - The Story of Flora Purim", por Edward Bunker (Berkley Books, New York, 196 páginas, maio/1982) - onde, entre fantasia e realidade, é traçado um roteiro da vida de Airto e Flora nos Estados Unidos. Muitas partes desagradaram os protagonistas, tanto é que agora um poeta e roteirista negro, Al Young, trabalha em novo script para um filme a ser realizado por Bob Rafelson, 50 anos, cineasta já conhecido no Brasil pelo filme "O Destino Bate à Sua Porta". Em "Freedon Song" há momentos interessantes. Como o que descreve o primeiro encontro de Flora e Airto, em São Paulo, em 1963 - o início de um grande amor, que superando todas as dificuldades, resiste (e cresce) até nossos dias. Eis a descrição: "Numa manhã Airto já estava mais de uma hora atrasado para os ensaios. Não era deliberado, pelo menos não conscientemente, de propósito. Ele esquecera de colocar o despertador e como tinha o hábito de dormir até tarde, ficou roncando até mais tarde. Assim, quando chegou ao local do ensaio, o grupo musical o aguardava - bebendo café, fumando e conversando. O gerente, Pico, ao lado do palco, estava falando com uma moça alta, cabelos castanho-avermelhados, longos e que lhe davam um certo ar selvagem. Ela vestia um jeans apertado e uma blusa colorida, com estampas lembrando imagens indígenas. Era uma personalidade singular - mais do que bonita, muito impressionante. Airto dirigiu-se aos seus colegas do grupo musical. Ele sentiu o olhar da moça. Foi quando Pico o chamou: - Ei, Airto! Airto! Airto virou-se devagar, pousando seus olhos na moça, corando um pouco. Pico estava acenando para ele. Airto deu quatro passos: - Essa é a Flora Purim. - Oi! - disse Flora - sentindo-se embaraçada estendendo a mão. Airto tomou a mão e também murmurou - "Oi" - apoiando--se ora num pé, ora noutro."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
26/08/1986

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