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Aramis

Nos novos tempos do rádio, comunicadores e a política

Anotem este nome: Ney Leprevost. Confiram dentro de algum tempo! Está nascendo um novo comunicador-político que aos 17 anos já ensaia seu primeiro vôo eleitoral: a Câmara de Curitiba. A opinião é de experientes comunicólogos, impressionados com a facilidade com que este adolescente vem mostrando, de segunda a sexta-feira, das 15 às 16 horas, num dos programas que apesar do horário perverso está obtendo ótima audiência para a AM-Difusora, 590 a antiga Ouro Verde. Neto de um dos mais conhecidos curitibanos - que foi um dos oito acadêmicos de direito que integrou o batalhão de voluntários na Revolução Constituinte de 1932, lutando por São Paulo, prefeito nomeado de Curitiba e incorporador, entre outros, do edifício Tijucas - o jovem Ney Leprevost está sendo a surpresa radiofônica do ano. Começando modestamente com um programa que, a princípio, poderia se destinar apenas a faixa jovem, está conquistando uma expressiva platéia feminina (mas também com penetração entre os homens) que, através de cartas e telefonemas mostram que a forma utilizada pelo jovem comunicador está dando certo. Do alto de sua experiência de quase meio século de radiocomunicação, João Lydio Seiller Bettega, diretor da AM-Difusora 590, acreditou no jovem e abriu o espaço para o seu "Alô, Alô! Ney Leprevost" que com notícias de utilidade pública, músicas bem escolhidas e muita simpatia começa a aparecer no Ibope. xxx Dentro da força de comunicação das rádios AMs, a disputa hoje não é mais só pela audiência mas também por uma força política que tem se refletido nas últimas eleições - com comunicadores chegando a cargos eletivos com as melhores votações. Por isto mesmo, é que os deputados Algaci Tulio (PRB-2), Carlos Simões (AM-Difusora), e Luís Carlos Martins (Independência), vereadores Mário Celso (Independência), Jota Pê e Luís Ernesto (Cidade) não deixam suas programações - pois sabem que há muita gente de olho nos votos que o rádio representa. Por exemplo, o repórter policial Ricardo Chab não esconde que é candidato as próximas eleições - seguindo os passos de seu ex-companheiro de prefixo, o hoje vice-presidente da Assembléia e vice-prefeito Algaci Tulio - aliás um dos poucos nomes de prestígio que o PDT dispõe para disputar a sucessão de Jaime Lerner. xxx A força do rádio e a responsabilidade política dos comunicadores constituem o tema de um dos mais interessantes filmes do ano que, desperdiçado está sendo exibido desde ontem no distante Cine Guarani: "Radio Talk - Verdades que Matam". Realizado em 1988 por Oliver Stone - que vinha do sucesso de "Platoon" (86) e "Wall Street" (87) - e antecipando-se ao "Nascido a 4 de Julho", "Radio Talk" ficou despercebido embora seja uma obra de tanta força de denúncia quanto "Salvador, O Martírio de um Povo" do mesmo Stone (1985). Baseado em fatos reais - o assassinato em Dallas, Texas, de um corajoso radiocomunicador que denunciava a extrema direita-americana, Allan Berg - que inspirou a peça de Eric Bogosian e Tad Savinar e o livro-reportagem de Stephen Singular, "Talk Radio" é uma obra corajosa e atualíssima - tanto é que o mesmo fato serviu também de referência a outro político filme realizado naquele mesmo ano, "Atraiçoados" (Betrayed), de Costa Gavras (cineasta grego que tem sempre se voltado a denúncias fortíssimas em seus filmes). Pela atualidade do tema que aborda - e especialmente por ter base em fatos reais - "Talk Radio - Verdades que Matam" mereceria ter um lançamento condigno numa das salas centrais da FUCUCU, acompanhado inclusive de uma prévia mesa redonda ao qual deveriam serem convidados todos os comunicadores (inclusive de televisão) para análise do fenômeno dos meios eletrônicos. Entretanto, confirmando mais uma vez a total incompetência dos ditos "ccordenadores" (sic) da área de cinema oficial, esta obra importantíssima é desperdiçada num cinema distante, que tem uma média de 5 a 10 espectadores por sessão (quando elas acontecem, pois muitas vezes são suspensas pela ausência de público) e cuja manutenção, aliás, com alto custo ao município, é motivo para uma reavaliação. "Radio Talk" merecia ser visto e discutido. Da forma que os "coordenadores" (sic) da FUCUCU o programaram, é mais um filme que fracassará em Curitiba. Espera-se que alguns de nossos deputados ou vereadores-radialistas animem-se a ir ao Guarani, assistir o filme e denuncie publicamente mais esta sabotagem cultural que a FUCUCU faz com o dinheiro público.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
26/10/1991

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