Nosso bailarinos brilham em Paris
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de dezembro de 1988
Retornando de Paris, onde representa o Brasil no III Festival Internacional e Dança, as bailarinas Eleonora Grecca e Daniela de Souza, mais o bailarino Vanderlei Lopes, exibem sorrisos colgate. Mesmo não chegando a finalíssima, a performance dos três integrantes do Ballet Guaíra foi destacada, ao ponto da própria organização do festival ter solicitado que Eleonor e Vanderlei se apresentassem, de forma hors concours, com a criação "Ininterrupto", coreografia de Carlos Triencheiras, música de Samuel Baber, na noite de encerramento. Na platéia do Theatre Champs Elysés, onde se realizava o festival, entre as espectadoras, uma muito especial: a princesa Caroline de Mônaco, que ao final, cumprimentou os bailarinos curitibanos. Eleonora não resistiu e trouxe um afetuoso autógrafo da filha de Grace Kelly e do príncipe Rainer.
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Eleonora , Daniela e Vanderlei só chegaram a Paris com muita luta. Vistos por monsieur Jean Robin, vice-presidente da UNESCO, para assuntos culturais, numa apresentação de "A Sagração da Primavera", de Stravinski, no Rio de Janeiro, entusiasmaram tanto ao intelectual francês que ele não teve dúvidas: indicou os bailarinos para participarem do III Festival Internacional de Dança de Paris. Só que o convite não incluiu nenhuma mordomia e durante outubro e a primeira quinzena de novembro, Eleonora bateu, inutilmente, em inúmeros gabinetes oficiais - e também em empresas privadas - buscando auxílio para a viagem. Já estava ao ponto de desistir, quanto Valêncio Xavier a levou para uma entrevista na TV-Paranaense, que surtiu efeito - o Banestado acabou dando as passagens.
Para as despesas em Paris, a única ajuda foi US$ 300, fornecido pelo INACEM. A sorte foi que uma grande amiga de Eleonora Grecca, a sra. Gilda Amaral, casada com um francês, Jean-François, mora há anos em Paris, às margens do Sena. E apesar de ser um pequeno apartamento, hospedou os nossos bailarinos - que puderam participar do Festival (vencido por um casal de bailarinos da República Popular da China) e conhecer Paris.
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Feliz, embora cansada, Eleonora diz:
- Fizemos dívidas para poder viajar mas valeu a pena. Afinal, pudemos constatar que não estamos mal em termos de dança.
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Um detalhe: no encerramento do festival, embaixadores de 13 países compareceram. O Brasil primou pela ausência. Nem o adido cultural ali esteve. E os nossos diplomatas custam milhões de dólares no Exterior.
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