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Aramis

Nossos sambistas na Mangueira

Quando Cartola (Agenor de Oliveira, 69 anos) ouviu "Não Vou Saber", que os curitibanos Homero Reboli e Cláudio Ribeiro inscreveram-se para o Festival de Novos Compositores, promovido pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira e Riotur, não teve dúvidas: não só elogiou o samba como estimulou seus autores a inscrever outras músicas nesta promoção destinada a escolher cinco melhores composições, que junto com sete outras finalistas serão gravadas num elepê. Resultado: Homero e Cláudio acabaram tendo quatro músicas inscritas no Festival, que inicia neste fim de semana, na quadra da Mangueira, no Rio, e que se estenderá nas próximas semanas. xxx O advogado Antonio José Santana Lobo Neto, bem humorado e musical presidente da Paranatur, cuja voz de seresteiro escuta-se, eventualmente, em reuniões informais após a hora do expediente, tem agora chance de provar aquilo que sempre afirmou: a vontade de apoiar os compositores da terra. Pois "Maé" da Cuíca (Ismael Cordeiro, 49 anos, 40 de samba), o bom crioulo de ritmo e seus sete companheiros do Partido Alto Colorado, estão necessitando de ajuda para poder viajar nos próximos três fins de semana ao Rio e defender as músicas de Homero-Cláudio no festival da Mangueira. xxx Homero Reboli, professor na Escola Técnica Federal do Paraná, e Cláudio Ribeiro têm muitas músicas, infelizmente até hoje restritas aos ambientes informais que [freqüentam]. Com a classificação de quatro sambas no Festival da Mangueira, abre-se as portas, para lançamento nacional. Dona Nelma, figura lendária da Estação Primeira, já disse a Claúdio: "No próximo ano teremos vocês em nossa ala de compositores". Mas nem por isso pretendem esquecer a E. S. Colorado, de Curitiba, "Ao contrário, acrescenta Reboli, vamos aprender muito no Rio para aqui aplicar". xxx A letra de "Não Vou Subir", o samba com melhores chances de vencer o Festival da Mangueira, é simples, de fácil comunicação: Não, não vou subir Lá no morro não Porque morreu Quem era a dona do /meu barracão Tudo era tão bonito Seu olhar, seu andar Deixa-me ficar curtindo O meu penar Com minhas mágoas Vou beber, vou sofrer, vou chorar Até a vela se apagar Deixa-me ficar sozinho Vou seguir o meu caminho Caminho sem destino / sem chegada Eu estou de mal com a vida E talvez de mal com Deus Morreu quem era a luz /dos olhos meus.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
22/07/1977

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