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O adeus do "chefão" musical Carmine na tilha de Francis

A morte do compositor e regente Carmine Coppola, no último dia 26 de abril, em Los Angeles, de apoplexia, aos 80 anos, faz com que a edição da trilha sonora de "O poderoso chefão - III" (Sony music, março/91) adquira ainda maior interesse. Afinal, esta foi a última sound track que o veterano maestro-compositor, pai do diretor Francis, criou e regeu. Se na primeira parte, há 19 anos, Carmine teve a felicidade de ter a colaboração de um dos maiores compositores da música do cinema, Nino Rotta - falecido em 1979 - o que por certo ajudou ao trabalho merecer o Oscar, nas duas seqüências (a segunda foi em 1974), Carmine teve que remexer o caldeirão e trabalhar sozinho. Nesta terceira parte, a trilha resultou esplêndida: além do "Pomise me you'I remember" ganhar letra de John Bettis e interpretação do excelente Harry Connick Jr. - merecendo uma indicação ao Oscar de melhor canção, a trilha possibilitou o aproveitamento de temas operísticos e com fragmentos de óperas de Verdi e Mascagni, integradas à própria história, além de um "Prelúdio and Siciliana" ("Turidu"), "A casa amiche" e "Preghiera". Nino Rotta foi preservado, a partir do tema central - de sua única autoria, assim como a valsa "The godfather". Temas para os diversos personagens foram recriados com novos arranjos e, como música incidental, estreou "To each his own" de Jay Levingston e Ray Evans com Al Martino. Na seqüência final, momentos de "A cavalaria rusticana de Pietro Mascagni, com letras de Targioni, Fozzeti e Menasci, completam o clima épico-dramático desta saga da família Corleone. "Godfather III", o filme, está entre as boas produções que chegaram este ano ao Brasil e mereceria ter saído ao menos com dois ou três Oscars - inclusive o de melhor canção original. Seria uma forma na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ter referenciado a Carmine Coppola, cuja contribuição à música de cinema não ficou apenas nos filmes do ilustre filho. Tendo estudado flauta e composição na escola de música Jilliard, em Nova York, foi músico da sinfônica de Detroit e, mais tarde, tocou sob a regência de Toscanini na sinfônica da NBC. Dirigiu comédias musicais na Broadway ("Kismet" e "Oen upon a maitress") e seu primeiro trabalho no cinema foi "A caminho do arco íris", (Finninan's rainbow), musical dirigido por Francis, com Fred Astaire e Petulia Clark. Um de seus trabalhos mais importantes foi criar uma trilha sonora original para "Napoleon", que Abel Gance (1889-1981) realizou em 1925, que Francis reconstituiu e levou ao Rádio City Music Hall, em projeções com as três visões simultâneas, concebidas pelo genial realizador. Agora, quando num evento promovido pela Prefeitura de Niterói, pela primeira vez esta projeção tríplice aconteceu no Brasil, Carmine estava acertado para reger a Orquestra da Universidade Federal Fluminense, nos dias 20 e 21 de abril. Como teve o derrame, foi substituído pelo seu assistente, o maestro Paul Bogaev. No Estádio Caio Martins, na Capital fluminense, mais de 4 mil pessoas assistiram a versão restaurada de "Napoleon", com a música ao vivo pela grande orquestra (há 12 anos, a trilha já havia sido editada em elepê nos Estados Unidos). No episódio dirigido por Coppola para "Contos de Nova York" (1989), além da trilha sonora, Carmine fez uma ponta - justamente no papel de um idoso flautista.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
05/05/1991

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