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Aramis

O amor segundo o carioca Brickman

MARSHALL BRICKMAN, o diretor e roteirista de "Amor Tem Seu Preço" (cine Astor, 5 sessões) é carioca. Incrível mas verdadeiro. Está na biografia deste jovem cineasta, publicada no mastodôntico volume referencial de "Variety". Marshall nasceu no Rio de Janeiro, mas, evidentemente, filho de pais americanos, voltou criança para os Estados Unidos. Trabalhou em grupos de música folclórica ("The Tarriers", "The Journeymen") e depois, começou a escrever para televisão, incluindo passagens pela "Candid Camera" e "The Tonight Show". Conheceu Woody Allen, que lhe deu oportunidades no cinema - colaborando nos roteiros "O Dorminhco", "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 77, premiado com o Oscar) e "Manhattan". Há quatro anos, Marshall estreou como diretor, realizando "Simon", com Alan Arkin no personagem título. Este filme da Warner não teve lançamento comercial no Brasil, de forma que atavés de "Amor Tem Seu Preço" (Lovesick) que o público toma contato com este novo cineasta. Evidentemente a influência de Allen é grande, mas nem por isso Brickman deixa de fazer uma sátira com toques pessoais em torno de uma das instituições mais arraigadas a classe m´dia superior superior americana: a psicanálise. Trabalhando com elementos convencionais - o psiquiatra Saul Benjamin (Dudley Moore) se envolve com um bela cliente, a teatróloga Chloe Aillen (Elizabeth McGovern) e tem equilíbrio emocional alterado, Brickman consegue desenvolver o filme com leveza e humor. Evidentemente falta o charme irônico que seu mestre e protetor, Woody Allen, tão bem sabe marcar suas fitas, mas os diálogos são rápidos e inteligentes. A sutil denúncia do mercantilismo que domina a psiquiatria - o conselho "ético" preocupado em punir Benjamin porque ele, honestamente, devolve os honorários de um cliente que deixa de atender ou recomenda a uma outra cliente que abandone o divã do psicanalista e a fase final do próprio Sigmund Freud ("Era uma bela experiência mas não imaginei que fosse se transformar numa indústria") são colocações rápidas mas certeiras. O jogo de realidade e fantasia - com Freud (criação de Alec Guinness) interferindo e aconselhando ao confuso psiquiatra Benjamin, e suas fantasias eróticas - dão um ritmo dinâmico a esta comédia de comportamento. Dois cineastas conhecidos - o veterano John Juston, como o professor Leionel Gross e GeneSacks, com o paciente frenético de Benjamin, são atualmente eficientes) neste filme de clima tipicamente americano. Os universos da pscicanalise e do teatro - campos em que atuam os personagens centrais - se confundem na história, com momentos de humor. Esta leveza no desenrolar da estória, a segurança de trabalhar com um excelente comediante, o inglês Dudley Moore (já conhecido do público por "Mulher Nota 10" e "Arthur, O Milionário Sedutor") e uma jovem atriz encantadora (Elizabeth McGovern) contam muito para fazer "Lovesick" fluir gostosamente. Acrescente-se a fotografia de Gerry Fisher aproveitando os sempre generosos cenários de Nova Iorque e uma movimentada trilha sonora do frances Philippe Sarde, e o rsultado é um filme recomendável a quem sabe apreciar comédias modernas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
24/01/1984

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