O anel de Pedro Lauro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de fevereiro de 1978
Do deputado Pedro Lauro Domardzki, 36 anos, paranaense de Marechal Mallet, eleito em 1974, pelo MDB, com 6 mil votos, em sincera entrevista ao semanário "Voz do Paraná", que amanheceu domingo em todas as paróquias do Estado:
"Estou aperfeiçoando meu conhecimento, tentando melhorar minha cultura. Não pretende optar por uma profissão, mas ser um representante do povo, aquele que tem que ter de tudo um pouco. professores, engenheiros, médicos, dentistas e advogados falam comigo, mandam sugestões. Então, eu tenho que saber de tudo um pouco. Eu não vou me aperfeiçoar para colocar um anel de bacharel em Direito, professor ou engenheiro. Mas volto em breve a Brasília e vou fazer um estudozinho, porque acho que a política deve ter um anel de grau. Inclusive é uma idéia minha, nova, e eu pretendo falar com um ourives para fazer um desenho, para vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal e senador. Um anel!"
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E como seria o anel de político? Pedro Lauro explica:
"este anel deve ter um pouquinho de professor, de engenheiro, advogado, um pouco de tudo. Quer dizer, um anel de político. Esta é uma idéia que me acompanha há tempo e que pretendo estudar. Não sei se cabe apresentar um projeto-de-lei... aí não seria isso, porque se tem que criar uma espécie de tradição. Há profissionais que não usam anel. Outros já usam, pis é um tipo de enfeite, pode ser uma identificação. Hoje em dia existe falsificação: uma pessoa com um anel grande pode não ser formada! Mas é necessário, eu acho válida a criação de um anel para identificar. O homem também gosta daquilo que as mulheres gostam: um enfeitezinho! Não digo que eu vá usar! Quer dizer, eu vou usar porque vou mandar fazer um anel de deputado, porque a idéia é minha e porque eu acho válida".
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As "argumentações" de Pedro Lauro não se esgotam aí. Prossegue: "É necessário um anel. Ele deve ter um pequeno valor, um ouro, um diamante, uma pedra preciosa! Outros usam aí uns anéis tortos, todos não-sei-como. Então faz-se um anel para identificar o deputado. Assim como nós temos um emblema de deputado federal, que uso sempre. Aqui em Curitiba se não conhecerem minha fisionomia, não me conhecerão. Mas em Brasília o porteiro, o médico, o assessor parlamentar, todos enfim, já sabem que aquele que usa o emblema é um dos 357 deputados. É difícil conhecer a todos. Pedro Lauro, eles já conhecem, pelo bigode e tal. Eu levo umas balinhas de vez em quando, levo um presente, e eles já sabem que Pedro Lauro é do Paraná. Agora, há os deputados daqui que, se não tiverem o emblema são desconhecidos - aparecem por lá uma vez por mês! Andam se escondendo lá!"
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