Login do usuário

Aramis

O auto custo do passeio

Com toda razão o Sr. Roland Guth, 34 anos, presidente da Indústria do Trigo no Paraná, exibia o mais aberto dos sorrisos, sábado, no almoço com amigos, na Iguaçu - Dr. Murici. É que afinal chegara ao fim uma batalha que ocupou muitas horas de sua vida profissional, desde que se integrou no sindicato, que vem presidindo já há algum tempo: acabar o "passeio do trigo". Para que, afinal, o presidente da Sunab assinasse a portaria de número 35, publicada no "Diário Oficial da União" do dia 14, permitindo que os moinhos do Estado possam moer todo o trigo necessário para o consumo interno, foi necessário muita argumentação, traduzida em memoriais, ofícios e, afinal reunido num documento com mais de 60 páginas e onde provou que a medida permitida uma economia de combustível superior a Cr$ 90 milhões, além de 4,5 milhões de litros de óleo combustível - gastos no transporte do trigo a São Paulo e o seu retorno ao Paraná, já transformado em farinha. *** Os 21 moinhos instalados atualmente no Paraná têm uma capacidade de produção de 360.000 toneladas e o consumo do Estado é de 450.000 toneladas (nossa produção em 77 deverá ser de 1.500.000 toneladas). Com a instalação do Moinho Santista, em Ponta Grossa, com início de operações dentro de um mês, mais 120.000 toneladas de trigo serão moídas no Paraná - ou seja toda produção para o consumo será industrializado dentro do Estado, não havendo mais desperdício com o transporte. O consumo nacional do trigo é de 5.700.000 toneladas e a produção total é ainda insuficiente - 3.000.000 toneladas - o que obriga a importação. *** Um dado que constou do relatório final dos moageiros, mas que não foi destacado no noticiário de domingo, nos jornais, refere-se à economia popular que o fim do "passeio do trigo" trará: o frete de Cr$ 20,00 por saca, que custava a ida-vinda do trigo a São Paulo (onde era moído) passa a ser eliminado e isso terá reflexos na hora em que for feito o cálculo para o aumento do pão, massas etc. Ou seja, mesmo que não haja diminuição imediata no preço destes produtos, os índices de elevação serão menores - dentro do esforço de conter a inflação. *** O "Passeio do trigo" vinha acontecendo há mais de 5 anos, pois as portarias da Sunab que fixara as cotas de moagem do produto nos moinhos paranaenses data de 1967, quando a mesma justifica-se como formar de equilíbrio do mercado moageiro. Entretanto em menos de uma década a situação inverteu-se e só agora, com a liberação dos moinhos paranaenses para funcionarem com toda sua capacidade, corrigiu-se uma distorção que trazia prejuízos tanto ao produtor quanto ao consumidor. Resta ainda o caso dos chamados "moinhos coloniais", que atendem aos pequenos produtores, mas cuja atividade também será um novo disciplinamento. DEPOIS de passar quase 3 anos na Califórnia, estudando balé, está de volta a Curitiba a jovem e bela Rita Pavão, uma das revelações na dança tupiniquim nesta década. Rita voltou casada com um pintor americano - Rickman Willians, que até agora ainda não circulou nos arraiais plásticos das cidade. "Rick" está trabalhando muito, entusiasmado com os trópicos e o seu lançamento como pintor será feito com calma, com um bom planejamento mercadológico, já que o setor está poluído de concorrência. Rita, enquanto isso, está voltando aos palcos, inicialmente como professora, mas, em breve, em destaque maior. Afinal que, como ela, passou 3 anos aprendendo tudo que é possível saber sobre a arte da dança, não pode - nem deve - reduzir suas atividades aos trabalhos domésticos. Quem é quem no Gibi Demorou mas apareceu o primeiro das histórias em quadrinhos em português. É, ao contrário das gigantescas - e difíceis de serem encontradas em nosso País "A-Z Comics" e "Encyclopédie Mondiale de la Bande Desinne" ou "Historie Mondiale de la Bande Dessinée", "O Mundo dos Quadrinhos" ( Editora Simbolo, 255 páginas, junho/77) é obra de uma única pessoa, o quadrinhólogo Ionaldo ª Cavalcanti, até agora desconhecido mesmo pelos apaixonados da matéria, como o gaúcho Francisco Araújo (primeiro professor de HQs, na Universidade de Brasília) ou o fluminense Moacyr Cyne (autor do primeiro livro de HQs em português, "Bum! A Explosão Criativa dos Quadrinhos", 1970). Leitor atento de gibis, Ionaldo reuniu mais de 1.800 verbetes sobre heróis, super-heróis e vilões dos quadrinhos, oferecendo preciosas informações a todos que se interessam por esse gênero de comunicação - hoje definitivamente consagrado e com uma bibliografia especializada de cresce cada vez mais. O argentino Enrique Lipszyc, hoje radicado em São Paulo, onde dirige a Escola Pan-americana de Arte, há 19 anos passados, havia publicado em Buenos Aires uma obra tão importante quanto rara: "La Historieta Mondial", onde identificava os autores e ano de lançamento dos personagens de HQs mais famosos. Ionaldo, consultando quase 50 publicações, uma bibliográfia de mais de 30 títulos e, principalmente, arquivos de colecionadores, fez um livro que, segundo seu prefaciador, o especialista em quadrinhos, Álvaro de Moya, "terá o dom `madraqueano` de despertar este tom pastel e poético dos leitores, em àhs` de lembranças, a cafa personagem reencontrado no baú da memória de cada um". *** Enfim, um quem é quem no mundo do Gibi! ___________________________________________________ O sr. Manfredo Birmelin, cônsul-geral da República Federal da Alemanha, retornou há uma semana de Bonn, onde permaneceu várias semanas, trabalhando junto ao Ministério das Relações Exteriores. Na viagem de retorno, Birmelin aproveitou para conhecer alguns países da América Latina e no sábado o diplomata reencontrou muitos amigos curitibanos, durante a festa de aniversário em homenagem a Eneida Newmann, esposa do vice-cônsul Karl Newmann. Eneida é mineira de Belo Horizonte e conhece Karl quando ele servia no consulado da Alemanha em Belo Horizonte. A galeria da Sandra Sandra Helena Larsen da Silva, uma jovem senhora cearense, casada, um filho, é a proprietária da SH316, a nova galeria de arte que a cidade ganha na noite de amanhã. Pintora autodidata, com experiência de 4 anos no campo da decoração, Sandra decidiu ingressar agora no competitivo (e lucrativo) setor do comércio de obras de arte, transformando em galeria a loja de decorações que mantinha na Rua Ébano Pereira, 316. *** Auxiliada por sua mãe, dona Maria Helena, e uma bela amiga, Luciola Moreira Pinto, estudante de arquitetura, mais a assessoria da jornalista Nery Baptista, Sandra Helena inicia as atividades da SH316 com uma coletiva de 14 artistas do Paraná e Rio de Janeiro, entre os quais estão trabalhos de René Bittencourt, Jefferson Cesar, Mário Rubinski, Helan Wong, Do Carmo Fortes e Ida Hanemann de Campos, além de alguns quadros de Sandra. *** Funcionando diariamente das 14 às 22 horas, a SH-316 deverá atingir uma nova faixa de público - pretensão que não será fácil de conseguir, uma vez que a pequena faixa de colecionadores é cada vez mais convocada para múltiplas exposições. De qualquer forma é uma galeria que pretende funcionar profissionalmente, em concorrência em termos elevados. Muitos mais justo do que a concorrência desleal feita por entidades de crédito, lojas, boutiques etc., como bem tem denunciado o carreto Jorge Carlos Sade, da Acaiaca - sem dúvida a mais organizada de nossas casas de arte.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
21/06/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br