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Aramis

O Banco de Luz que necessita de depositantes humanitários

Há 33 anos, quando era repórter da então recém nascida "Tribuna do Paraná", o jornalista Enock de Lima Pereira, no idealismo de seus 23 anos, ficou tão emocionado ao fazer uma reportagem sobre a iniciativa da oftalmologista Paula Soares em implantar o Banco de Olhos de Curitiba, que não teve dúvidas: antes de terminar a entrevista, fez questão de assinar um documento sendo o primeiro doador de olhos para o humanitário "banco" que era fundado. O fato foi notícia de primeira página da "Tribuna", cujo secretário de redação, João Féder, hoje conselheiro do Tribunal de Contas, sabia, intuitivamente, fazer um marketing (numa época em que esta palavra nem era conhecida) dos jovens profissionais do vespertino fundado em outubro de 1956 (*). O Banco de Olhos para o qual Enock, generosamente, doou os seus olhos - no dia em que deixar este nosso mundo (o que, seus amigos esperam, demore muitos e muitos anos), faliu. Ou melhor, desorganizou-se e acabou tendo seus documentos perdidos. Em compensação, em seu lugar, em 1976 foi criado outro banco - com o mesmo nome e que, este sim, está com uma sólida estrutura graças ao entusiasmo, entre outros, da oftalmologista Saly Moreira. Esposa, mãe e sogra de oftalmologistas (**) - ela própria está nesta especialização desde 1958, quando se formou pela Universidade Federal do Paraná, Saly, catarinense de Itaiópolis - a mesma cidade em que nasceu o internacional percussionista Airto Guimorvan Moreira - e há dois anos presidente da Associação Brasileira de Bancos de Olhos. Agora, entre os dias 14 e 16 de novembro, haverá em Curitiba o 5º Congresso Brasileiro de Banco de Olhos, simultaneamente a um simpósio que, com a voluntária participação de 30 professores e especialistas estará oferecendo importantes cursos de atualização na área de transplante de olhos. Será também a oportunidade dos representantes de 80 bancos de olhos existentes no Brasil permutarem experiências e traçarem programas para fazer com que o "capital" indispensável desta rede bancária humanitária seja conseguida: doadores voluntários. Embora existam mais de 30 mil pessoas dispostas a fazer doações das córneas, nem sempre a vontade é cumprida. É que após a morte de quem fez a doação há necessidade do consentimento da família que, muitas vezes por ignorância, outras por egoísmo, recusa-se a autorizar a retirada dos olhos dos cadáveres. Uma córnea para transplante de sucesso tem que ser utilizada em menos de 24 horas - e sua conservação (apesar de toda a tecnologia desenvolvida) não resiste mais do que 10 dias. Assim, este "saldo" humanitário tem uma alta rotatividade, exigindo constantes - diria-se até diárias - doações. Em todo o mundo, há 20 milhões de deficientes visuais que aguardam transplante - e no Brasil, da média de 5 mil operações que acontecem anualmente cerca de 150 são feitas no Paraná. Nem todos os oftalmologistas fazem cirurgias, mas todos podem se habilitar a facilitar as doações - que sendo voluntárias, não implicam em nenhum custo adicional na operação. Motivado pelos eventos que acontecerão em Curitiba, o Banco de Olhos vai promover campanhas de esclarecimentos à população, com apoio do Lions e através de postos instalados até na Rua 24 Horas - além de mobilização de áreas nos hospitais de Clínicas, Evangélico e particulares. - "Doar olhos é um ato de amor e que adquire um significado muito especial" - diz a dra. Saly Moreira. Permitindo que pessoas recuperem suas visões - podendo voltar a sentir as cores, a dimensão do mundo que as cerca - os Bancos de Olhos merecem ser apoiados e divulgados em seus meritórios trabalhos. Quem quiser colaborar - seja da forma que for - pode telefonar para 225-1001, a qualquer hora do dia ou da noite. - "O número é fácil de memorizar. Lembre uma armação e duas lentes" - diz a dra. Saly. Notas (*) Quando foi formado o batalhão de voluntários para integrar as tropas de paz da ONU no Canal do Suez, em 1957, o primeiro inscrito foi também um funcionário da "Tribuna". Era Alcides Machado, o baiano, um garotão que chegando do Interior havia começado a trabalhar como office-boy, passou a auxiliar do departamento fotográfico e virou um mestre das imagens. Baiano passou dois anos no Suez e quando voltou escreveu - com ajuda do sempre lembrado Percyval Charquetti (1920-1985), uma série de reportagens que teve grande repercussão. Posteriormente, Baiano foi repórter-fotográfico da "Última Hora" em São Paulo. (**) A dra. Saly Bugman é esposa do médico Carlos Augusto Moreira, filho de um dos mais famosos oftalmologistas paranaenses, Carlos Estrela Moreira (1889-1991) e mãe de Carlos Augusto Jr., 31; Hamilton, 29 - ambos oftalmologistas (recentemente retornaram de cursos nos EUA) e Luciana, quintanista de medicina e também preparando-se para seguir os passos da família. Sua nora, Ana, também é oftalmologista.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
07/11/1991
ola , o meu pai sofre de retina diabetica, já foi operado varias vezes na clinica barraquer em barcelona, mas a verdade é que continua sem ter resultados positivos. já perdeu a visão do lado esquerdo e do olho direito teve a poucos dias mais um derrame,o que lhe provocou a perda de visão tambem. gostava de vos perguntar se seria possivel fazer um transplante ao olho esquerdo. agradecia a vossa resposta. obrigado.

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