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Aramis

O bom teatro infantil (I)

Há quase três anos, quando assumiu a superintendência da Fundação Teatro Guaira, o ator (e hoje homem de tv) Sale Wolokita decidiu que deveria ser feita alguma coisa para resolver o tão falado problema da falta de boas peças infantis. Assim, aprovou um projeto desenvolvido pelo ator J. D. Baggio, na época coordenador do Teatro de Comédia do Paraná, no sentido de ser realizado um concurso nacional de textos. O que era apenas uma promoção simpática se transformou numa realidade alentadora, na opinião da jornalista Ana Maria Machado, crítica do "Jornal do Brasil": entre uma centena de peças, a comissão julgadora (Lúcia Maria Gluck Camargo, Antonio Carlos Gerber, Luciana Kuster Cherobin, Márcio Sampaio, Mariangela Alves de Lima e Ana Maria Machado) encontrou cerca de uma dúzia de nível razoável. Textos capazes de gerar montagens que não prejudicam as crianças e que, pelo contrário, criassem um momento de beleza, à altura do que deve ser o teatro e do que são as crianças. Felizmente, ao contrário de tantos outros concursos, os melhores trabalhos não permaneceram inéditos: "A Viagem de um Barquinho", de Silvia Ortoff, que ganhou o primeiro lugar, já está em cartaz (amanhã, 15 horas, domingo, 10 e 15 horas), e as cinco peças premiadas acabam de sair num belo volume (edição Grafipar, 207 páginas), que será [distribuída] a todos os interessados em fazer bom teatro para crianças. São os seguintes os textos premiados no concurso e [incluídos] agora neste volume, em cuja capa foi aproveitado um belo desenho da menina Luciane (10 anos): "A Viagem de um Barquinho" de Silvia Ortoff; "O Castelo das Sete Torres", de Benjamin Santos: "Rei Solimão e a Rainha de Jabá", de José Argemiro da Silva; de "Metade do Caminho" ao "País do Último Círculo" de Ilo Krugli e "Andar... Sem Parar... de Transformar" de Maria Luiza Lacerda. Ana Maria Machado, com honestidade, registra na nota introdutória ao livro contendo as peças premiadas: "Não pretendemos ter descoberto nenhum gênio ou revolucionar o teatro infantil brasileiro. Mas reconhecemos um potencial dramático de um bom nível nesses textos, cheios de poesia, humor e inventiva. Cada um deles tem condições de ser a semente de um espetáculo rico em qualidades teatrais, em estimulo à reflexão e emoção, em incentivo sensorial, em respeito à sensibilidade infantil". Para uma dramaturgia pobre de bons textos, a iniciativa da Fundação Teatro Guaira em promover o concurso de peças infantis, encenar o melhor deles e editar os cinco classificados, não poderia ser mais oportuna. Justificando o seu replay neste ano - ainda em maiores dimensões.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
17/10/1975

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