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Aramis

O canto dos Posteiros e as poesias de Napp

Entre os grupos vocais que têm obtido maior destaque nos inúmeros festivais nativistas realizados no Rio Grande do Sul nestes últimos anos, está, sem dúvida, Os Posteiros. Liderado por Marco Aurélio Vasconcelos - também um excelente compositor - esse quarteto formado por Doly Carlos da Costa (bandoneon/arranjos), Celso Carlucci de Campos (voz e violão) e Francisco José Monza Koller (voz/violões), tem um trabalho dos mais representativos. Agora, num disco-brinde patrocinado pela Magna Engenharia - mas que, esperamos, seja comercializado também pelas lojas ("Caminho de Volta", 1985), podemos apreciar a beleza vocal, a sonoridade e a harmonia desse quarteto trazendo um repertório de alto nível. São canções que falam dos grandes temas nativistas - o amor, a amizade, a vida no campo, os animais - de autores da sensibilidade de Luiz Coronel, poeta maior dos pampas ("Gaudêncio Fala de Amores" e "Arrogância de Milonga", parcerias com Marco Aurélio); o enternecedor "Pássaro Perdido" do poeta e animador cultural Gilberto de Carvalho, também em parceria com Marco Aurélio, ou a belíssima "Campesina", rancheira de Sérgio Napp/ Mário Bárbara Dornelles, que há 3 anos concorreu na Califórnia, em Uruguaiana. Há outras belas composições, como "Só Restou" (José Hilário Retamozzo/; Marco Aurélio Vasconcelos), "Prece ao Minuano" (Telmo de Lima Freitas), os chamamés de Antônio Augusto/ Euclides Fagundes ("Canto Alegretense" e "Veterano"), além da canção de Luiz Coronel/Marco Aurélio que dá título ao disco, "Caminho de Volta". xxx Falando em Rio Grande do Sul, Sérgio Napp, 48 anos, engenheiro, poeta, letrista, idealizador do excelente grupo vocal Canto Livre (já com dois discos gravados) e que tem dezenas de composições gravadas (além de inúmeros prêmios em festivais nativistas) publicou no ano passado um belo livro de poemas ("Quintais da Madrugada", Tchê!, 111 páginas). Grande parte dos poemas reunidos nesse livro foram musicados por seus vários parceiros - Mário Bárbara, Fernando Cardoso, Jair Kobe, Marco Aurélio Vasconcelos, Pery Souza, Sérgio Rosas, Jerônimo Jardim, Elton Saldanha e até Taiguara ("Te Quero"). Como diz o crítico Sérgio Faraco, um dos aspectos significativos dos versos de Sérgio Napp é que eles estão "presos ao Rio Grande como um selo". Mas não cantam apenas as nostalgias do que o Rio Grande já perdeu e vem perdendo, cantam sobretudo a esperança (e a necessidade) de que venhamos a recuperar, se não o que passou e não volta mais, "ao menos aquilo que devia ser permanentemente, nosso rosto, nossa alma". Outro gaúcho inteligente, o também poeta e letrista Apparício Silva Rillo, autor de "Raspo de Tacho" (3 volumes), lembra que Napp nos diz que "toda palavra nos ferra com sua marca indelével".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
23
16/02/1986

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