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Aramis

O documento da MPB com "titio" Caldas

O Titio não pára. Aproximado-se dos 80 anos - que deverão merecer amplas comemorações em 23 de maio de 1988 (atenção, Hermínio: lembre-se da data!), Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas, legenda da MPB, imagem do que de melhor se produziu em canções de serestas nos últimos 50 anos, vez por outra deixa o seu sítio de Atibaia e concorda em fazer apresentações. Assim fez há alguns meses atendendo o convite do simpático Romualdo Zanoni, empresário de sensibilidade que tem levado a sua casa, o restaurante Inverno & Verão, em São Paulo, grandes nomes da MPB. Zanoni não apenas promove temporadas com grandes (e muitos deles, esquecidos) nomes da MPB: patrocina gravações ao vivo, registrando as temporadas de artistas e graças a isto cantores da dimensão de Lucio Alves, Dick Farney, Tito Madi, Ivon Curi etc. - que há anos estão sem novos discos, reapareceram fonograficamente. Pois foi da temporada que Sílvio Caldas fez no Inverno & Verão, em julho de 1986, que resultou um novo disco do Cabocrinho Querido ("A Estória da Música Popular Brasileira", Disco Ban/Inverno & Verão, distribuição da Fonobrás). Há 14 anos, pela CBS, um álbum duplo, "Histórias da MPB", (1973), já trazia a mesma idéia com maiores detalhes: Silvio Caldas, com a autoridade que lhe conferem seis décadas de vivência musical (começou em 1927, a convite do milongueiro Antonio Gomes, a se apresentar na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cidade em que nasceu, no bairro de São Cristóvão), e lembra fatos e pessoas de sua longa estrada artística. Obviamente, sua voz não é mais a mesma dos anos 40/50, mas continua comunicativo, afinado e, sobretudo, brasileiro, num repertório que inclui "standards" de Ary Barroso, João de Barro, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Assis Valente, Noel Rosa, Lamartine Babo, Caymmi, Cartola, entre tantos monstros sagrados de MPB, com que conviveu e curtiu anos dourados. Um disco que deve ser visto como um documento. Todas as falhas técnicas eventuais são descontadas e vale a presença do querido Seresteiro nas lojas e com um lançamento que tem que ser tratado com carinho e respeito - como ele merece.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
19/07/1987

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