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Aramis

O encontro do choro

O governador Antonio Carlos Konder Reis, de Santa Catarina, mergulhado numa crise política que lhe vem tirando o sono há duas semanas - não pode apreciar, como deveria, um excelente idéia que lhe foi levada pelo jornalista Ilmar de Carvalho e com isso Florianópolis perde a chance de sediar um dos mais originais eventos musicais do ano: O I Encontro Nacional do Choro. No momento em que o choro vem sendo praticamente redescoberto, com o surgimento de muitas gravações, clubes e aparecimento de grupos de chorões, formados por jovens instrumentistas, Ilmar viabilizou uma idéia que há muito já tivemos: promover um encontro dos melhores instrumentistas que se dedicam ao gênero, paralelamente a um seminário, do qual resultaria aquilo que se poderia chamar de " Carta do Choro", a exemplo da " Carta do Samba", nascida do Encontro Nacional do Samba, realizado há 15 dias passados. O projeto de Ilmar de Carvalho é amplo. Na primeira etapa, seria realizado o encontro numa cidade fora do eixo Rio-São Paulo (onde uma promoção como essa corre o risco de se diluir), reunindo instrumentistas do nível de Altamiro Carrilho e Copinha (flautas), Abel Ferreira e Paulo Moura (clarinete), Paulinho da Viola e o Grupo Época de Ouro, Raul de Barros (trombone), Déo Riam, Joel do Bandolim, Ademilde Fonseca e tantos outros que, entusiasmados com a idéia, já aceitaram participar - independentemente de cachês. O projeto de Ilmar, membro do conselho de música popular do MIS - Rio de Janeiro, estudioso da MPB, em especial da Bossa Nova, era realizar o encontro em Florianópolis, sua cidade natal. Infelizmente, apesar da viabilidade financeira - o Instituto Nacional de Música, graças ao entusiasmo do maestro Marlos Nobre, já se dispôs a co-patrocinar o evento - faltou no governo catarinense o entusiasmo pela promoção. Agora, Ilmar deixa o projeto à disposição de outra cidade, dando inclusive preferência do Paraná. Se os donos da cultura de Curitiba não se sensibilizarem (como é possível que aconteça) com essa idéia, eis a oportunidade para que os prefeitos Luis Carlos Zuk, de Ponta Grossa, ou João Paulo, de Maringá, ou Antonio Belinati, de Londrina, atraiam para suas cidades esse evento. Brasileiríssimo, honesto e de resultados populares muito mais importante do que tantas dispendiosas promoções que tem custado milhões de cruzeiros do governo do Paraná, pródigo em aplicar recursos em projetos infelizes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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01/03/1977

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