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Aramis

O fim do Riviera

Em março próximo, Curitiba deveria ganhar o seu 14º cinema central. Embora esteja certa a inauguração do luxuoso Cine Condor, na esquina das ruas Ebano Pereira e Cruz Machado, a verdade é que ele será o 13º cinema da cidade, isto porque o Cine de Arte Riviera fechará definitivamente suas portas dentro de 72 dias. O exibidor José Augusto Iwersen, 25 anos, tomou esta decisão ao concluir que infelizmente Curitiba ainda não comporta um grande cinema de arte. Há 7 anos sob sua direção, o Riviera procurou se firmar como uma casa de programação especial. Mas os elevados prejuízos que Iwersen sofreu com a exibição de filmes de arte o obrigaram a modificar, nos últimos meses, a programação. "Só mesmo fita de sexo é que atrai os espectadores" diz, preocupado com a descaída do público cinematográfico mais exigente. Em 1962, quanto fundou o Cine Club Pró Arte, o número de pessoas interessadas por filmes de gabarito era tanto que o animou a arrendar o antigo Cine Santa Maria, que vinha funcionando desde 1956 explorado pelos próprios irmãos Maristas. Programação selecionada, relançamento de verdadeiras obras-primas do cinema ("Cidadão Kane" de Orson Welles, fitas de Felline, Antonioni, Godard, etc. não conseguiram garantir ao cinema uma [freqüência] como a que em São Paulo e Rio justificam o funcionamento de vários cinemas de arte. Agora, entregando novamente o imóvel ao Colégio Maria - que aproveitará o auditório para ali instalar novas salas de salas - Zé Augusto só pensa em voltar à exibição de filmes de arte se conseguir um bom ponto central, para instalação de um míni-cinema, no máximo com 150 poltronas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
07/01/1970

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