O grande Anibal e seu conto cinematográfico
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de agosto de 1985
Poucos escritores brasileiros deixaram uma obra de tamanho ternura e emoção como Anibal Machado. O transcurso do 20º aniversário de sua morte - 19 de janeiro de 1964 - fez com que se voltasse a editá-los, hoje mais do que nunca sempre atuais e de deliciosa leitura. Mineiro de Sabará (9/12/1894), Anibal Monteiro Machado foi além de escritor, uma personalidade das mais influentes na vida literaria do Rio de Janeiro. Em sua confortável residência reuniam-se intelectuais, artistas e escritores no convívio dos mais importantes. Pai de seis filhas - uma delas, a dramaturga Maria Clara Machado - Anibal deixou principalmente muitos contos e um romance, sem dúvida uma obra-prima - "João Ternura", publicada postumamente ainda em 1964.
Home apaixonado pelo cinema - não é sem razão que seu primeiro trabalho publicado foi o texto da conferência que fez no Instituto Brasil-Estados Unidos, em 1941 sobre "O Cinema e Sua Infância na Vida Moderna", 4 contos de Anibal já foram filmados: A Morte da Porta-Estandarte", em 1962, por Carlos Hugo Christensen no filme "Esse Rio que eu amo" (que trazia também contos de Machado de Assis e Origenes Lessa); o mesmo Christensen, levaria ao cinema dois outros de seus melhores contos: "Viagem aos seis de Duilia"(1965) e "O Menino e o Vento" (1968). Em 1973, ao estrear como diretor de longa-metragem, Bruno Barreto, com apenas 18 anos, levou a tela "Tati", baseada em "Tati, a Garota".
Um escritor de estilo precioso, pode-se dizer cinematográfico, profundamente lírico, tem agora "A Morte da Porta-Estandarte", em 12ª edição (José Olympio, 280 páginas, capa de Jair Pinto, Cr$ 25.700). A priemira vez que este [clássico] conto de universo carnavalesco carioca foi publicado foi em 1944, incluindo no volume "Histórias Reunidas".
Agora, num só volume, temos o melhor da produçào de Anibal Machado em estórias curtas: "O Iniciado do Vento" (que baseou o filme "O Menino e o Vento"), "Viagem aos [Seis] de Duília", "O Defunto Inaugural", "O Ascensorista", "O Desfile dos Chapéus", "Monólogo de Tuquinha Batista", "O Homem alto", "O Telegrama de Ataxerxes", "Acontecimentos em Vila feliz"; "O Piano", "Tati, Garota" e "A Morte da Porta-Estandarte". Em apêndice, temos "O Rato, o Guardo Civil e o Transatlântico" e, encerrando, a emocionante "Balada em prosa de Anibal M. Machado", na qual seu amigo Carlos Drumond de Andrade, que, com tanta emoção, registrou a sua morte, dizendo que a morte o levou na [tranqüilidade] de um diálogo,"ele com sua boina, ela com sua foice enrustida", pois ele deixou [seus contos, poemas, telefonemas, em Chaplim seu irmão mais velho; em João Ternuram seu irmão mais moço.]
LEGENDA FOTO - Anibal Machado
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