O internacional Sivuca e os choros de Altamiro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de maio de 1991
Quando Sivuca apresentou o seu arranjo da cantata "Jesus Alegria dos Homens", fechando-se apenas o seu virtuosismo, tinha-se uma viagem (sem drogas) como se estivéssemos numa gótica catedral alemã e não no auditório Maria José Andrade Vieira (onde o artista fez duas apresentações nesta semana).
Quando, em sua primeira audição, mostrou uma música tão linda quanto "João e Maria"- mas desta vez com Paulinho Tapajós ao invés de Chico Buarque como letrista - e homenageando justamente a eterna Nara Leão (1941-19890 que praticamente a inspirou - a balada "Bem Menestrel", as lágrimas se justificaram.
Entre estes dois momentos, um repertório perfeito, intercalando clássicos da nossa MPB - Pixinguinha, Luperce, Miranda, Luiz Gonzaga, Patapio Silva e outros - com suas próprias composições. No final, uma bem humorada brincadeira dando as versões internacionais do frevo "vassourinha".
Quem foi aplaudir a Sivuca na Terra, nesta (infelizmente) curtíssima temporada curitibana, pôde ver um dos nossos melhores e mais completos artistas - compositor, múltiplo instrumentista, intérprete vocal de suas composições - que, aos 61 anos - a serem comemorados no próximo dia 26, tem a jovialidade de quando chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Paraíba, após morar alguns anos no Recife. Hoje um artista internacional - é um dos poucos brasileiros que possui um apartamento próprio em Estocolmo, de onde baseia suas regulares temporadas em vários países da Europa (em julho próximo estará novamente viajando), Sivuca teve a facilidade de ter encontrado uma musa inspiradora à altura do seu talento: Glorinha (Maria da Glória PorDeus Gadelha), médica formada pela Universidade da Paraíba, que se revelou uma letrista e intérprete de primeiro nível.
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Nesta semana de bons fluidos musicais, outro grande artista e excelente brasileiro que está na cidade é Altamiro Carrilho, 66 anos, 58 de flauta - começou com uma de bambu e nunca mais parou - gravando quase uma centena de elepês e manter-se fiel as raízes de nossos ritmos é o mais conhecido flautista brasileiro. Ao lado de músicos como Voltair Muniz (violão 7 cordas), Márcio de Almeida (cavaquinho), Joaquim Sá Neto (pandeiro) e a esposa na voz e percussão, Alltamiro mostra choros & outros ritmos no Paiol.
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