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O marketing de Adherbal e liberalismo de Maciel

O jornalista Adherbal Fortes de Sá Júnior está retornando dos Estados Unidos trazendo em sua bagagem algumas horas de gravações de entrevistas com alguns dos maiores experts em marketing político. Complementou, assim, um trabalho iniciado já há dois anos, quando começou a ouvir executivos na área da comunicação e marketing dos Partidos Republicano e Democrático, além de consultores e especialistas independentes, baseados em diferentes Estados, para um projeto que em breve ganhará forma de livro: um estudo-manual sobre técnicas de se ganhar eleições. Jornalista com mais de 30 anos de atividades, quase sempre direta ou indiretamente ligado aos meios políticos, tendo acompanhado várias campanhas no Paraná - embora envolvendo-se diretamente apenas nos últimos anos - Adherbal tem sido muito requisitado por sua experiência na televisão, desde os tempos pioneiros da TV Paraná, quando dividia com Luís Renato Ribas a produção de um dos primeiros programas de impacto no tempo em que nem se pensava em videoteipe: "Vai Acontecer". Seria, entretanto, na TV Iguaçu, na fase mais quente do "Show de Jornal" da TV Iguaçu atingindo os melhores índices de audiência, que Adherbal - ao lado de outros ótimos profissionais como Renato Schaitza, Ducasteal Nicz (já falecido), Jamur Júnior e João José de Arruda Neto, desenvolveria os conhecimentos da televisão - hoje cada vez mais necessários na produção de programas políticos de televisão. Adherbal não fixou data para a publicação de seu livro. A fase de recolhimento de informações como bom repórter que é, espraiou-se com fontes no Brasil e no Exterior. Agora, utilizando os recursos de um computador para classificar um cem número de dados passa a montá-los, com seu texto sempre objetivo, agradável - e que o fez sempre um dos profissionais mais disputados da imprensa paranaense. xxx O livro de Adherbal não será nem o primeiro - nem o último - sobre marketing político, área cada vez com maiores atrativos para profissionais da comunicação. Tanto é que o seu lançamento deverá acontecer somente para o próximo ano, com vista as eleições de renovação do Poder Legislativo. Para as eleições presidenciais, a teorização já está completa, embora o período seja propício para que apareçam livros sobre política, uma bibliografia sempre carente de novas interpretações. Por exemplo, a professora Maria Benevides, que estudou o pedessismo - a partir da trajetória dos anos de JK - para uma tese de doutorado, reuniu um material tão rico que está podendo produzir trabalhos paralelos, como um estudo sobre as raízes do trabalhismo, lançado há poucas semanas pela Brasiliense, editora que pela própria formação de seu fundador, Caio Prado Júnior, sempre esteve aberta a livros sobre política brasileira. xxx Outra editora receptiva a títulos que auxiliem a se entender melhor a nossa vida política é a José Olympio, que recentemente lançou "Ideais Liberais e Realidade Brasileira", de Marcos Maciel (178 páginas, capa de Rogério Meier), de quem já havia publicado, há dois anos, "Educação e Liberalismo". Pernambucano, 49 anos a serem completados no próximo dia 21 de julho, Marco Antônio de Oliveira Maciel, casado, 3 filhos, advogado e professor universitário, líder estudantil na juventude - duas vezes presidente do DCE e também da União dos Estudantes de Pernambuco (o que o trouxe a Curitiba, pela primeira vez, no Seminário Nacional de Reforma Universitária, em 1962), Marco Maciel fez uma carreira rápida na política: secretário de Estado do governo Paulo Guerra (1964), deputado estadual e líder do governo Nilo Coelho, exerceu dois mandatos na Câmara Federal (1971-75 / 1975-79) pela Arena, sendo, ao reeleger-se, o mais votado do seu partido, chegando a ser um dos três mais jovens presidentes da Câmara. Fundador do PDS, governador de Pernambuco (1979/1982) e Senador eleito em 1982, foi escolhido por Tancredo Neves para Ministro da Educação, cargo que ocupou no governo Sarney, até ser convocado, em fevereiro de 1986, para chefiar o Gabinete Civil - e do qual só se afastou para voltar ao senado e se dedicar ao Partido da Frente Liberal, da qual foi um dos fundadores. Em seu livro, Marcos Maciel busca uma síntese da história, colocando suas "idéias para um modelo político brasileiro", onde, entende, estão as raízes de nossas chamadas "crises de governabilidade" e as razões porque advoga o redimensionamento e a reavaliação não apenas do papel do Estado mas, especialmente, do próprio modelo político nacional. A tese de Maciel tenta pensar os problemas com profundidade, analisando diferentes ângulos - o político, o econômico, o social e o cultural. Assim, tenta dissecar tópicos como o sindicalismo, o Nordeste, os desafios que se colocam diante do Partido da Frente Liberal, as preocupações da Igreja com as questões sociais, o centenário da Proclamação da República, entre outros. Sua proposta é a discussão. O liberalismo é a idéia central do livro, pois para Marcos Maciel "a nação tem uma alma liberal" e afirma terem sido "os movimentos liberais que permitiram os grandes pactos de consolidação nacional, graças aos quais conseguimos abrandar os rigores do unitarismo do Império, promover a progressiva emancipação do trabalho servil, ampliar a base eleitoral, inclusive com o voto para as mulheres, estabelecer o voto direto e dar sentido e conseqüência às idéias republicanas". xxx Fernando Gabeira perdeu sua vaga na vice-presidência do Partido dos Trabalhadores, mas isto não diminui o interesse que uma grande faixa tem pelas suas idéias. E por isto seus livros continuam vendendo muito bem, como acontece com "Hóspede da Utopia" (Editora Guanabara, 160 páginas), no qual colocou a experiência concreta de idéias audaciosas: a aprendizagem humana e a generosidade absoluta do festo fez um romance - uma história de amor e viagens aventureiras - mas que, naturalmente, traz seus traços autobiográficos, e que atinge a nona edição. xxx Para completar estes registros de livros ligados a política & políticos, eis uma obra macetosa: "Como Liderar com Eficiência", de John Adair (Editora Nobel, 226 páginas). O autor, durante nove anos, foi diretor do estado-maior da Real Academia Militar de Sandhurst, hoje professor na Universidade de Surrey, é reconhecido como o criador da "Liderança Centrada na Ação". Assim, baseado em experiências recentes, John Adair define os métodos relacionados à liderança eficaz por meio de narrativas, exercícios, estudos de casos e listas de checagem, oferecendo o que pode ser avaliado como um curso de treinamento do tipo "faça você mesmo". Assim, um livro prático, útil tanto para os que estão na vida pública - e especialmente na política - como para os candidatos a "yuppies", na selva de concreto do capitalismo selvagem.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
12/07/1989

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