Login do usuário

Aramis

O nosso centro no fim do século (4)

O centro de Curitiba tem, hoje, 23 galerias comerciais, das quais menos de 10 permitem a transposição de uma quadra, unindo duas ou mais ruas, considerando o clima frio e chuvoso da cidade, as galerias comerciais são não só uma opção de equipamento comercial, como, inclusive, garantia de um trânsito seguro de pedestres. Assim, partindo de um cuidadoso estudo da própria área construída existente na zona central, o arquiteto Rafael Dely, no "Projeto Centro", objetivo documento concluído há pouco tempo e agora em fase de discussão técnica, sugere o estímulo às novas galerias comerciais. Estas poderão ser resultado tanto do interesse de proprietários de imóveis vizinhos, que se prestam a uma exploração mais rentável, como, uma segunda etapa, serão subterrâneas, em nove pontos diferentes da cidade. Um dos aspectos mais interessantes no "Projeto Centro" está nos mecanismos propostos para estimular a que os proprietários dos imóveis e a iniciativa privada se ajustem naquilo que é desejável para um novo ordenamento urbanístico do coração da Capital. Basicamente, as idéias desenvolvidas nesse projeto em que Rafael e sua equipe trabalharam durante muitos meses, entre 1983 e 84, podem ser concretizadas praticamente sem que Prefeitura tenha que fazer investimentos pesados. Transformando-se as propostas e sugestões do estudo em documentos legais, através de decretos e leis, o Município terá condições de desenvolver uma verdadeira revolução urbana, na zona central, sem que isso venha a onerar o já comprometido orçamento, municipal uma das maiores preocupações do prefeito Maurício Fruet. Ao contrário, muitas das inovações urbanas poderão representar fontes de receita ao município. xxx Por exemplo, as nove galerias subterrâneas previstas deverão ser implantadas por grupos privados, os quais, obviamente, em troca do investimento que farão, terão o direito de explorar as lojas resultantes durante um determinado número de anos. As galerias subterrâneas – no estilo da "Júlio Moreira", implantada já há dez anos na transposição da rua Nestor Vitor/Setor Histórico – estão previstas para os seguintes locais: na Rua XV de Novembro, nos cruzamentos das Ruas Dr. Murici, Marechal Floriano e Presidente Faria; na Marechal Deodoro, cruzamento entre a praça Zacarias/Início da Desembargador Westphalen, na Rua Emiliano Perneta/esquina com a Senador Alencar Guimarães; no início da Mateus Leme, cruzamentos com as ruas 13 de Maio e Carlos Cavalcanti; na Praça Garibaldi/Início da Rua Claudino dos Santos e também defronte a Catedral na Praça Tiradentes. O projeto detalhou os custos da implantação das galerias, calculadas em ORTNs, de forma a que possam ser viabilizados estudos de maior profundidade. Razão pela qual um primeiro grupo empresarial já se interessou em conhecer detalhes das galerias e das garagens subterrâneas, incluindo o grande complexo previsto no eixo Praças 19 de Dezembro/Generoso Marques e o túnel para os ônibus expressos, entre as ruas Riachuelo/Barão do Rio Branco. xxx Uma futura ligação subterrânea, que se iniciaria ainda na Avenida João Gualberto (imediação do Parque Alvorda/passeio Público) e prosseguiria até[e a Rua Barão do Rio Branco, após o cruzamento da Marechal Deodoro, eliminaria completamente o tráfego de ônibus na superfície da Zona Central. Duas grandes atrações, acopladas a pequenos shopping-centers, nos subterrâneos das Praças 19 e Santos Andrade, completariam esse projeto, a princípio parecendo mais fruto de uma máquina de escrever de um Arthur C. Clarck tupiniquim do que das pranchetas do IPPUC. Entretanto, reservando-se mapas e gráficos, estudando-se números reais e as prospecções feitas, entende-se a viabilidade dessas idéias, suscetíveis, é claro, de amplas discussões, - mas que mais cedo ou mais tarde se concretização. Assim como a filosofia das avenidas estruturais e dos ônibus expressos parecia, há quase 20 anos, um projeto inexeqüível – e se mostrou de tamanha praticabilidade, que passaria a ser adotado em outras cidades brasileiras – também a idéia de se liberar, pouco a pouco, o centro da cidade do tráfego de ônibus (como já se conseguiu dos caminhões na superfície) é também uma proposta que deve acontecer nos próximos anos. As linhas dos expressos, nas estruturais, já definiram todo um mapeamento de um futuro metrô. Nada mais lógico do que, na zona central, se comece a pensar no tráfego dos veículos de transporte coletivo de uma forma subterrânea. O primeiro trajeto seria o que ocupa hoje, a Rua Riachuelo – que readquiriria, liberta dos ônibus na superfície, um caráter ainda mais comercial. Para essa obra, com uma extensão de menos de meio quilômetro, exigindo escavações de quatro metros de profundidade, é possível encontrar um autofinanciamento, dando-se à iniciativa privada os direitos de exploração de espaços comerciais – e mesmo de um edifício torre para escritórios, a ser erguido na Praça 19 de Dezembro. Essa torre, localizada num ponto propício à sua integração estética aos demais monumentos ali existentes (o marco do Centenário, o Homem e a Mulher Nus, o painel de Poty Lazarotto), complementaria a beleza visual da praça, que não sofreria nada, na superfície, com as obras, após completadas estas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
08/01/1985

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br