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Aramis

O quem é quem da escultura popular

Pouco a pouco tem crescido o lançamento de livros de arte. Enquanto o estudo sobre Portinari, do crítico Antonio Bento, foi às livrarias por Cr$ 12 mil, a (excelente) edição que o jornalista Arakem Távora fez do roteiro de seu documentário sobre Poty Lazarotto, com seis ilustrações do artista curitibano (utilizadas na apresentação dos créditos do curta-metragem), numa caixa de fino acabamento, esgotou-se em sua tiragem, ao preço de apenas Cr$ 2 mil. O que animou a Arakem a pensar em outras edições semelhantes, embora agora ele esteja trabalhando no roteiro de um documentário, de longa-metragem, sobre o compositor e cantor Dorival Caymmi, um de seus melhores amigos. Geraldo Jordão, filho do editor José Olympio e que por anos foi executivo da tradicional casa fundada por seu pai, ao criar a Salamandra Consultoria Editorial, se preocupou em incluir na programação de lançamentos muitos livros de (e sobre) arte, enriquecendo a bibliografia a respeito. Por exemplo, um dos mais esmerados lançamentos nesta área foi "O Reinado da Lua - Escultores Populares do Nordeste", de Silvia Coimbra, Flávia Martins e Leticia Duarte (volume encadernado, 320 páginas, Cr$ 900,00). O livro é um esplêndido quem é quem na criação popular do Nordeste, fruto de uma pesquisa realizada entre 1975/79 com escultores populares da Bahia ao Maranhão. O principal objetivo da pesquisa foi o de documentar: conhecer e registrar uma realidade, um estilo de vida, uma produção, visões de mundo. Documentar significou, nesse trabalho, considerar o escultor e sua obra como singularidades: é de sua individualidade, em relação ao contexto que se situa, que se pretendeu dar conta. Conhecer em que condições cada artista desenvolve sua produção, as características do produto de seu trabalho, como se realiza a circulação dessa mercadoria, como se constitui o mercado que a absorve. Mas ainda: pretendeu-se apresentar a visão desses artistas com relação ao seu próprio trabalho e ao mundo em que vivem. Mostrando toda a riqueza deste universo de criação popular no Nordeste - normalmente conhecido apenas via os bonecos de Vitalino, "O Reinado da Lua" é fruto do trabalho de muitas pessoas. Afinal reúne depoimentos de 109 escultores, acompanhados de cerca de 320 fotos, executadas por Maria do Carmo Buarque de Hollanda e Dalvino França. Ao longo de seus 12 capítulos, uma lição de uma área da cultura popular brasileira, merecedora de ser melhor conhecida e estudada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
27/12/1980

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