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Aramis

O reencontro

Muitas vezes uma festa de reencontro, de nostalgia, tem um ar de cafonice. Mas esta não. Esta é uma festa de emoção. Com estas palavras, o jornalista Luiz Geraldo Mazza definiu muito bem o sentimento que mais de 40 homens sentiram no sábado, durante um almoço muito especial realizado no Hotel Slaviero. Eram jornalistas, fotógrafos, pessoal da administração e até um dos motoristas - o gordo e afável Cordeiro - que, entre 1959/1964 participaram da experiência paranaense da "Última Hora", então pertencente a Samuel Wainer. Instalada em apenas duas lojas do edifício Villanova, na Rua Voluntários da Pátria, a "UH" paranaense marcou uma fase bonita da imprensa paranaense. Reunindo os melhores profissionais, numa linha oposicionista com inúmeras colunas e profissionalizando a crítica especializada - por exemplo, com o eficientíssimo Francisco Bettega Netto dando verdadeiros cursos de cinema em seus textos brilhantes - e "Última Hora" chegou a vender mais de 30 mil exemplares no Paraná, entre 1962/63, com sucursais de Londrina, Paranaguá e Ponta Grossa. Em abril de 1964, poucas semanas após o golpe militar, a sucursal cerrou suas portas. Samuel Wainer exilou-se em Paris e vários dos melhores profissionais da sucursal de Curitiba foram indiciados em IPMs. Nem mesmo uma coleção do jornal, naquele período, ficou: a Biblioteca Pública do Paraná, não a incluía entre os periódicos guardados em sua Divisão de Documentação e assim inexiste qualquer exemplar arquivado. É a coleção que pertencia à sucursal acabou, lamentavelmente, se perdendo. Com isto, um importantíssimo período de nossa imprensa ficou praticamente sem documentação - com milhares de reportagens, notícias e artigos que publicados no dia-a-dia da UH tanta polêmica provocaram na época. xxx Walmor Weiss, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes do Paraná, próspero empresário no setor, foi quem teve a (feliz) idéia de reunir a equipe da "Última Hora" por uma razão muito especial: ele participou daquela fase, inicialmente como integrante da assessoria do colunista Mauro Ticianelli (hoje na sucursal de O Estado em Londrina) que editava a coluna "Luzes da Cidade", fazendo cobertura dos clubes e promovendo a escolha da Garota-Luzes. Posteriormente, Walmor passou a redigir a seção "Plantão Militar", o que lhe veio a ocasionar sérios problemas pessoais, perseguido pela revolução. Posteriormente Walmor se revelaria como empresário e começando com uma modesta kombi, hoje tem uma frota de 600 veículos que faz trabalhos em todo o Sul. Presidindo o sindicato dos transportadores, Walmor tem se projetado nacionalmente e amanhã estará em Brasília, em audiência com o ministro Affonso Camargo, para reivindicar um reexame da chamada lei das balanças nas BRs. xxx Amigos que não se viam há muitos anos, jornalistas que seguram outros caminhos - como Pery de Oliveria, ex-repórter sindicalista, há 10 anos o poderoso secretário-geral da Prefeitura de Guarapuava; o fotógrafo Miguel Sdroieski que trocou as câmeras pela tranquilidade de uma banca de revista na Praça Tiradentes; Altair Astor Raymundo, feroz crítico de rádio e televisão, hoje próspero advogado, entre tantos companheiros de uma fase de sonhos e esperanças, quando se respirava o clima de liberdade e transformações sociais no governo João Goulart. Um repórter de polícia - setor em que o hoje ator Maurício Távora era um brilhante integrante - não pôde comparecer: Enéas Faria, de Brasília, se desculpou por não ter condições de vir para a festa. Em compensação, Maurício Fruet, que integrava a área de esportes, modificou sua agenda de prefeito para rever os amigos daquela que ele classifica "uma das fases mais importantes de minha vida profissional".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
26/03/1985
Fico muito feliz por ver o nome de meu pai fazendo parte da história de Curitiba e de nosso estado. Obrigado de coração por não deixar esse nome sair da memória. Att, Angelo.

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