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Aramis

O romance no ar sem "happy end"

NÃO houve ainda, o happy end, no romance do vereador Horácio Rodrigues com o radialista Rogério Wolff dos Santos, para possuir um veículo muito especial: a Rádio Globo AM, que conseguiu sair de um desprestigiado 12o lugar, em audiência, para a 4a colocação, entre as emissoras mais ouvidas de Curitiba (só abaixo da Cidade, Atalaia e Independência). A Globo, ex- Cruzeiro do Sul, há várias semanas vem sendo negociada por Rodrigues. Entretanto, como em tantos casamentos de interesse, a felicidade está difícil de ser completada, por questões de cifras: Rogério quer Cr$ 1.000.000.000,00, enquanto o vereador Horácio Rodrigues só chegou aos Cr$ 650 milhões. - "Po menos de um bilhão, não vendo" - repetia, ontem à noite, o simpático Rogério Wolff dos Santos, exemplo de self-made-man. Catarinense de Lages, filho de pais humildes, fez uma bonita carreira em vários prefixos no Paraná e Santa Catarina, até que, há 10 anos passados, conseguiu adquirir a antiga Rádio Tingui, que logo mudaria de nome para Continental e na qual fez uma inovação em termos de programação: exclusivamente samba. Posteriormente, vendeu a emissora ao grupo Rádio Capital e, associado ao trilionário Mario Petrelli, foi dono da Rádio diário da Manhã, em Florianópolis. Voltou a Curitiba em 1980, adquirindo a então desvalorizada Cruzeiro do Sul. Criativo na programação, introduzindo um horário de classificados no ar ("Troca Troca") que fatura mais de Cr$ 50 milhões por mês (o suficiente para cobrir as despesas de pessoal e manutenção), Rogério fez o ibope de seu prefixo crescer. Outra jogada que demonstra sua boa estrela foi a de solicitar o nome da Globo para a emissora. Conseguiu o registro - impedindo assim que o grupo radiofônico de Roberto Marinho possa vir a instalar, ao menos com esse nome, um prefixo em Curitiba. "A não ser que o título seja negociado, dentro de minhas condições", diz Rogério, com o sorriso dos homens que possuem tranquilidade financeira. xxx Dentro do seu projeto político, que inclui a eleição para a presidência da Câmara de Curitiba nas próximas semanas, o ativo Horácio Rodrigues sabe da importância de contar com uma emissora de rádio, com boa audiência. Assim, com apoio de leais e desinteressados amigos (entre os quais alguns dos empresários mais ricos do Paraná), começou a namorar a Rádio Globo, que, por sua boa posição na audiência, atingindo a faixa popular, é uma das poucas emissoras que realmente são lucrativas na cidade. Entretanto, Rogério Santos está firme no propósito: por menos de um bilhão de cruzeiros, não vende a emissora. Justifica: - "Além de possuir uma área de três alqueires, no local em que estão os transmissores, o equipamento de que disponho vale mais de Cr$ 600 milhões. Some-se o bom nome, com o prestígio da rádio, e se vê que não estou pedindo nada demais..." Caso o negócio venha, ainda, as ser concluído, Rogério tem projetos para continuar no setor das comunicações. - "Aos 42 anos, não iria parar. Além do mais, o que eu conheço é rádio". xxx Há duas semanas, o deputado Erwin Bonkoski vendeu, ao grupo Antena 1, sua FM, a Metropolitana, por Cr$ 280 milhões. Em 1982, já havia negociado outro prefixo - a Cultura - por Cr$ 140 milhões, adquirida pelo industrial Bento Chimelli. Em Pato Branco, uns pequena emissora FM está à venda por Cr$ 350 milhões. Como se vê, na dança da concessões radiofônicas, o negócio é excelente: hoje, ninguém consegue uma emissora por menos de Cr$ 250 milhões. xxx De rádio, ainda: Jimmy Row, ex-apresentador de um programa jovem na Tv Iguaçu, aos sábados, e campeão de audiência em sua faixa, após ter atuado por alguns meses na FM Antena 1 - contratado, na época, pelo maior salário do mercado (Cr$ 2 milhões, afora mordomias especiais) - está na Antena 1, no Rio de Janeiro, desde a semana passada. Primogênito de um dos mais experientes executivos da televisão brasileira, David Row, o jovem Jimmy não resistiu aos apelos do verão carioca e assim, deixando uma legião de fãs curitibanas, mudou-se para a ex-Cidade Maravilhosa. Há quem diga, que com sua ausência da Fm-Antena 1, a liderança que esta FM tem na faixa jovem em Curitiba poderá cair. Pelo menos é com o que sonham diretores artísticos de outras emissoras de Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13
22/12/1984

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