O sax de Sanborn
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de agosto de 1986
A inclusão do saxofonista David Sanborn como um dos destaques do Free Jazz Festival (dia 28, Anhembi; dia 6, Hotel Nacional) somada ao sopro moderno e criativo deste instrumentista que tem acumulado prêmios como Grammy e chegado também entre os mais vendidos, animou a WEA a relançar dois de seus elepês ("Hideway" e "Backstreet") e apressar o lançamento do recente "Double Vision", dividido com o tecladista Bob James.
David William Sanborn (Tampa, Flórida, 30/7/1945) em 10 anos (seu primeiro disco, "Talking Off", é de 1976) impôs um estilo muito pessoal. Como acentuou um crítico paulista (Carlos Calado, "Folha de São Paulo"), ele tenta fazer um gênero de música de ampla vendagem, mas mantendo um certo nível musical - o que tem, de certa forma - conseguido. Sua diferença entre outros adeptos do pop-jazz encontra-se principalmente na maneira de tocar. "O timbre ácido de seu sax-alto consegue dar vida e cores mais fortes a mesmice desse estilo que tem dominado a última década. Poucos músicos do pop-jazz conseguem introduzir emoção em suas performances como Sanborn sabe fazer".
Em "Blackstreet" temos um delicioso passeio de Sanborn e seu sax pela música pop, pelo rhythm'blues e pelo jazz, sempre com uma maneira particularíssima de tocar - e com músicos como Marcus Miller, o tecladista Hiram Bullock, Steve Gardd na bateria e Ralph McDonald na percussão. Já "Double Vision", traz ao som de David, os teclados do romântico Bob James (Marshall, 25/12/1939) e participações especiais como do cantor Al Jarreau ("Since I feel for you"), guitarrista Eric Gale e do baterista Paulinho da Costa.
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