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Aramis

O velho Flash e as heroínas que sabem usar sensualidade

Pioneiro nos quadrinhos no Brasil, Adolfo Aizen (1905-1991) fez da Editora Brasil Americana a mais importante casa publicadora do HQs por mais de 30 anos. Hoje, voltada a área de livros infantis e especialmente a revista "Cinemim", a EBAL deixou praticamente a área dos quadrinhos tradicionais, mas foi quem lançou os grandes heróis dos anos 30 a 50 em revistas inesquecíveis. "Flash Gordon", criado por Alex Raymond em 7 de janeiro de 1934, chegou no Brasil ainda nos tempos do "Suplemento Juvenil" editado por Aizen, ganhando depois revista própria - como outras notáveis criações de Raymond ("Jim das Selvas", "Nick Homes" etc.). Há 15 anos, a EBAL reeditou suas primeiras aventuras em alguns de capa dura, com o mesmo tamanho das publicações que, nos anos 40, encantaram milhares de adolescentes. "Flash Gordon" sobreviveu ao seu criador - e em 1951, a Kings Features Syndicate entregou a uma dupla talentosa - Dan Barry (11/7/1924) o relançamento do personagem, num tamanho que, infelizmente durou apenas dois anos. As duas primeiras aventuras de "Flash Gordon" depois de Raymond, foram reunidas num volume de 76 páginas, com introdução de Goida, tradução de Magda Lopes, que mesmo sem a mesma força das criações originais - traz um toque de nostalgia, nesta edição bem cuidada que a LP&M fez há poucas semanas - acrescentando-se a outros excelentes álbuns também lançados recentemente como a quadrinização da vida da cantora Billie Holiday (1915-1959), pelos argentinos José Antônio Muñoz e Carlos Sampayo. Após ter dedicado um volume especial aos "25 Anos de Wolinski", de quem já havia publicado também "Paulette", e LP&M fez chegar as livrarias na última semana o "Paulette 2", na qual Georges Fichard (Paris, 7 de janeiro de 1920) ilustra estórias escritas por Wolinski. "Paulette", forma com a italiana "Valentina" (Guido Crepax) e a francesa "Barbarella" (Jean Claude Forest) a trindade das heroínas dos quadrinhos que deram um novo sentido ao erotismo na narrativa figurada. Com "Paulette", Fichard alcançou o seu "nirvana" como ilustrador. Por mais de 600 páginas, ele desenhou uma figura feminina de sonho, com suas formas perfeitas, deliciosamente arredondadas, quase uma transposição para os quadrinhos dos nus femininos de Rubens e Rembrandt. Mas Pauletts não ficou apenas na delicia visual. Os argumentos de Wolinski primam pela ironia, um humor crítico da melhor qualidade e inusitadas situações temáticas. Neste segundo álbum, "Paulette" começa na França, sempre acompanhada de Joseph - um velho que tem como "maldição", transformar-se numa voluptuosa morena - e termina no Vietnã, o que faz Fichard & Wolinski ironizarem o colonialismo a intervenção norte-americana e colocar Paulette como moderna Branca de Neve, com safados anõezinhos vietcongs. De Magnus (pseudônimo do quadrinista italiano Robert Raviola), já foram publicados na coleção Quadrinhos LP&M, três álbuns ("Macumba Macabra", "Necro 1"e "O Homem que Matou Che Guevara"), aos quais acrescenta-se agora "Seqüestro e Morte no Cairo", em que aparece como personagem principal "O Especialista", um agente de missões impossíveis a serviço de quem lhe paga mais (em "O Homem que Matou Che Guevara" já surgia, mas numa ponta). O ambiente em que se passa esta história em HQ para adulto é o Egito (48 páginas, Cr$ 2.400,00).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/10/1991

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