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Aramis

Observatório

O reitor Ocyron Cunha tem se mostrado abatido nas últimas semanas. A crise que o diretor do Setor de Ciências Biomédicas, Miró Vernalha, provocou ao atacar o mais renomado cientista da Universidade Federal do Paraná, o professor Newton Freire-Maia, continua tendo repercussões - agora em escala nacional (a "Visão", que está nas bancas, comenta também o assunto), e, nos próximos dias, mensagens de solidariedade ao fundador do Departamento de Genética Humana da UFP chegarão do Exterior. Pessoa afável, simpática - com excelente relacionamento em todos os setores e que sempre teve a maior simpatia junto a imprensa. Ocyron lamenta que a crise atinja a Universidade, chegando a afirmar "preferia ser o único bode expiatório". Ocorre que não é, pessoalmente, raros foram os que o criticaram - mas sim, a defesa e solidariedade foi em torno de Newton Freire-Maia - de quem o reitor tem repetido, várias vezes, ser também um grande amigo e admirador". Quando assumir o cargo de reitor, há dois anos, Ocyron fez questão de pedir aos seus amigos da imprensa [que] não o chamassem de "magnífico". Tentou administrar de portas abertas, atendendo a todos que o procuraram. Procurou convocar professores do maior respeito e competência - como o estimado Miguel Wouk, para assessorá-lo. Enfim, teve [boas] intenções. Pena que a Universidade, às vésperas de completar 70 anos, seja um monstro de sete cabeças, de difícil administração e que pode levar seu reitor as situações difíceis e colocar toda a instituição numa posição internacionalmente prejudicada. E o que [é] mais grave: quanto mais buscam atacar o professor Freire-Maia, mais cresce o apoio e a solidariedade ao cientista. O desenhista Dante Mendonça desejava passar a Páscoa com sua mãe, em Nova Trento, Santa Catarina e, na quinta-feira, procurou o box da Empresa Auto Viação Catarinense S/A - em busca de passagem. Resposta negativa. Mais tarde, tentou um telefonema e obteve nova negativa. Persistente, foi à rodoferroviária e discretamente propôs ao funcionário da empresa que daria 100% a mais sobre o valor da passagem (Cr$ 179,62). Imediatamente, apareceu um bloco onde havia apenas 10 passagens vendidas e Dante conseguiu viajar às 11 horas de quinta-feira, 3, com a passagem número 862070, linha Curitiba - Florianópolis. A Empresa Auto Viação Catarinense S/A tem sua matriz na Rua São Paulo 1629, Blumenau, SC. E esta não foi a primeira vez que Dante conseguiu passagem mediante uma taxa extra de 100% e está pronto a confirmar sua denúncia. Aqui fica a informação para ser investigada a quem de direito. Para leitura do comando da Polícia Militar do Estado do Paraná: exatamente à meia-noite da Sexta-Feira Santa, um truculento integrante da Polícia Militar agrediu a tapas e, após, com cassetete, uma mulher que se encontrava na lanchonete ao lado do Restaurante Pinheirão, na Rua João Negrão, defronte a antiga estação rodoviária. A mulher tentou falar com o guarda, que não satisfeito em lhe agredir covardemente, a agarrou pelos cabelos e ameaçou a todos que tentaram intervir. Como havia dois outros policiais, também dispostos a agredir a quem se [atravesse] a defender a pobre mulher, mais de 1 5 pessoas se limitaram a assistir, revoltados, a cena. Não se sabe as razões da ação do policial e nem foi possível anotar o seu número. Infelizmente, não havia um fotógrafo no local, pois seria possível bater uma [seqüência] que mereceria as primeiras páginas dos jornais. Cabe à zelosa PM investigar quais eram os policiais de plantão na área, e descobrir porque tanta violência contra uma mulher.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
06/04/1980

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