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Aramis

Odon & o verde

Editor de assuntos urbanos da "Folha de São Paulo", considerado como um dos expertos da imprensa nacional em termos de arquitetura e ecologia, o jornalista Odon Pereira provocou ontem uma pequena polêmica ao falar na I Convenção Nacional de Parques e Praças. Por ter afirmado que a população não sensibiliza-se com a política de áreas verdes - havendo inclusive, muitas vezes, reações hostis a tais programas. Odon Pereira mereceu acalorados apartes de biólogos e ecólogos presentes, que refutaram suas afirmações. A polêmica só não prosseguiu por maior tempo porque, pela manhã, estava ainda prevista uma conferência do professor Mário Autori, diretor do Zoológico de São Paulo - e hoje um homem popularíssimo em todo o País, após ter ganho Cr$ 800 mil, ao responder sobre formigas num programa de televisão. xxx A certa altura de sua palestra, Odon Pereira referiu-se a Praça Osório, como exemplo de área verde central. Pena que não tivesse feito uma análise mais incisiva, pois realmente aquela praça - a mais central da cidade - é hoje paradoxalmente, uma das mais abandonadas. À noite, apesar de dispendiosas luminárias altíssimas (que só servem para iluminar a copa das árvores) a escuridão é total. Policiamento inexiste e a fonte - que um dia já foi luminosa, hoje apresenta um aspecto desolador. A praça, como já dissemos, vem apresentando um estado lastimável há 8 anos e parece que os prefeitos que se sucedem fazem questão de ignorá-la, condenando-a assim a um triste destino. xxx O arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito, apareceu ontem pela manhã no Centro de Criatividade, onde se realiza a Convenção de Parques e Praças. Falou com alguns conhecidos, e 20 minutos depois saiu em companhia do seu colega Rafael Dely, ex-presidente do IPPUC. xxx A propósito, a revista "Quatro Rodas" (Abril/77, Cr$ 20,00) que está nas bancas, dedica cinco páginas a entrevista que o jornalista Marco Aurélio Borba fez com Jaime Lerner (apresentado como "a maior autoridade brasileira em problemas de planejamento urbano") sobre o lugar do automóvel no transporte da cidade. Trecho de uma das afirmações do ex-prefeito de Curitiba: "Eu tenho dito sempre que o centro de uma cidade se comporta mais ou menos como a mulher de um mágico, aquela que fica dentro de uma caixa e vai sendo atravessada por várias espadas. A única maneira de evitar-se que a mulher morra é fazer com que a espada passe tangenciando o seu corpo, ou pare antes de tocá-la. A solução para o tráfego nas áreas centrais é exatamente a mesma: ou tangenciamos ou paramos um pouco antes".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
5
30/04/1977

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