Login do usuário

Aramis

Os 120 anos de Stresser, autor da ópera "Sidéria"

Hoje, 18 de julho, transcorre o 120o. aniversário de nascimento de Augusto Stresser - um homem que marcou sua vida não apenas como autor da primeira (e uma das raras) óperas escritas no Paraná, estrea do no antigo Theatro Guayra, em 3 de maio de 1912 - mas que foi também desenhista, pintor, poeta, ourives, pioneiro da fotografia, interessado na arte da gravura - enfim, um homem animador cultural que, em 1893, com um grupo de amigos fundava o Grêmio Musical Carlos Gomes - que chegou a ter grande atividade no final do século na provinciana Curitiba de menos de 50 mil habitantes. Executando flauta, flautim, contrabaixo e piano, desenvolvendo seu lado de compositor, sua primeira criação foi a mazurca "Pérolas da Noite", a qual se seguiria a fantasia "Prelúdio" e, mais tarde um hino para o cinqüentenário do Paraná - efeméride que também o motivou a desenhar a medalha alusiva à data. Aluno da primeira Escola de Belas Artes de Curitiba, criada por Mariano de Lima, os desenhos de Stresser ilustraram várias publicações - desde que, em 1899, publicou uma alegoria sobre a Proclamação da República, a pedido do editor do jornal "15 de Novembro", Narciso Filgueira. Com Silveira Neto, poeta e jornalista - de quem seria um dos maiores amigos - faria a ilustração do jornal "O Guarany" - num entusiasmo pelo jornalismo que passaria a um de seus oito filhos, Adherbal, [fundador] do "Diário do Paraná" em 15 de março de 1955. xxx Em 1911 chegava a Companhia de Operetas Alemães Papke que não resistiu ao inverno curitibano. Aqui acabou dissolvendo-se mais um de seus integrantes, o alemão Leo Kessler, regente da pequena orquestra, ficou na cidade. Interessou-se em conhecer os (poucos) músicos e compositores locais e ao saber que Augusto Stresser tinha o projeto de uma ópera, o animou a concluí-la. O poeta e o jornalista Jaime Ballão juntou-se como libretista - desenvolvendo a trágica história ambientada na Revolução Federalista, quando Alceu, um militar perseguido é acolhido por Sidéria, bela jovem que por ele se apaixona. O militar que vem prender o herói, Juvenal, apaixona-se por Sidéria e ao final a mata quando ela se recusa ao seu amor - suicidando-se em seguida. Uma tragédia repleta de paixão e sangue que ganharia, entretanto, uma elogiada roupagem sonora de Kessler, sobre a música de Stresser e que numa montagem tendo a então jovem Marietta Bezerra no papel-título e o Jorge Leitner como André, lotou o antigo "Guayra" por dez noites ( na estréia, o presidente do Estado, Carlos Cavalcanti, ali esteve) e, posteriormente, teve duas recitas em Ponta Grossa. A repercussão foi grande, com registros na imprensa nacional ( a revista "Fom-Fom", do Rio de Janeiro de grande prestígio na época chegou a lhe dedicar quatro páginas). xxx Em 1972, quando do 60o. aniversário da encenação da ópera "Sidéria", o padre José Penalva, então dirigente da Pró-Música de Curitiba, coordenou uma montagem de trechos da obra de Stresser, com [interpretações] de cantores [líricos] paranaenses. Ao que parece foi esta a única vez que, nos últimos anos se pode conhecer, mesmo que fragmentariamente, uma obra que, historicamente, entrou como a primeira tentativa de se fazer uma ópera com tema paranaense, aqui escrita e montada. Tendo deixado também outras peças musicais, infelizmente poucos conhecem a obra de Augusto Stresser - que assim como outros compositores paranaenses (Bento Mossurunga, Brasílio Itiberê, Benedito Nicolau dos Santos, etc.) até hoje não mereceu um projeto organizado de edição - a gravação - de suas obras. Uma tímida tentativa foi feita, há alguns anos, no projeto "Paraná Canta", resultando um elepê coordenado pelo cantor Ivo Lessa - Mas que, obviamente, foi insuficiente para abranger todos os autores em seus momentos mais representativos. xxx Embora dedicando-se a atividades intelectuais - como poeta, jornalista, desenhista, pintor, músico etc. - Augusto Stresser jamais teve qualquer remuneração por estes trabalhos. Ao contrário viveu modestamente como dedicado funcionário do Ministério da Fazenda, onde entrou com concurso aos 19 anos. Em 2 de setembro de 1890, era o próprio "ministro e secretário do estado dos Negócios da Fazenda e presidente do Tribunal do Thesouro Nacional ", Ruy Barbosa, quem assinava o documento nomeando-o para o cargo inicial de praticante da Thesouraria da Fazenda do Estado do Paraná. Augusto Stresser faleceu aos 47 anos, em 18 de novembro de 1918.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
18/07/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br