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Aramis

Os bons tempos do Paraná de 24 (V)

Os dados que oferecemos hoje, extraídos do << Relatório da Secretária Geral do Estado do Paraná >>, apresentado pelo sr. Alcides Munhoz ao governador Caetano Munhoz da Rocha, relativos a 1923/24, oferecem um desafio a economistas: tentar colocar em valores atuais os números que eram apresentados quanto a despesas e receita do Estado, há 56 anos passados. A receita do Paraná, entre 1923/24 foi de 16.181:101$036, advinda de 30 formas de arrecadação. Como neste meio-século e pouco houve tantas transformações monetárias, é difícil, quase impossível, saber ao que corresponde hoje aqueles valores em mil réis. A maior fonte de renda do Paraná era a exportação de erva-mate, que entre cancheada e beneficiada, totalizava 3.817:435$335. A exportação da madeira - nos bons tempos em que o Paraná ainda tinha florestas - atingia 1.504:064$441, enquanto a exportação de gado já era bem mais reduzido: apenas 41:821$280. << Líquidos espirituosos >> representou em dois anos a receita de 436:529$116, mais do que a exposição de café, que atingia apenas 391:151$840. Em compensação, foram dois anos de muitos negócios imobiliários: transmissão de propriedades significou o ingresso de 2.138:850$484 nos cofres do Estado, enquanto o << imposto de Comércio >> trazia mais 1.382:530$300. O Imposto Predial da Capital - até hoje uma das principais fontes de receita de nossa Prefeitura - chegava a 422:204$300, inferior entretanto a taxa de água e esgotos (365:954$028). Não havia documento oficial que não exigisse a colocação de selos, vendidos nas coletoristas estaduais - e que significaram entre 23/24 a soma de 72:187$300. Arrendamento de ervais correspondeu a 110:002$500 e o << Beneficios de Loterias >> chegava a 13:994$500. *** E a despesa pública há 56 anos, quanto era? Exatamente 14.634:458$707, que mesmo somando a despesas extraordinárias de 30:554$832, advindas da confecção do mapa geral do estado, comemorações do centenário (apenas 3:600$000) e funcionários em disponibilidade (1:954$832), permitiam apresentar um saldo positivo de 1.516:087$497, ou seja 1.298:024$619 a menos do que havia sido orçado anteriormente. Frise-se que naquela época não havia a tecnocracia de planejamento que assola o nosso País e, entretanto, as finanças do Estado apresentavam superávit. Em compensação, os garotos eram bem mais comedidos. O maior orçamento era o da força militar - 1.663:271$684, seguido de obras públicos em geral (1.416:386$682) e instrução pública (1.408:212$117). A Presidência do Estado - ou seja o governo, tinha apenas uma despesa de 55:652$158, inferior ao Legislativo (73:765$000), mas a magistratura já consumia uma fatia expressiva: 402:055$795, pouco menos do que todos os serviços englobados na Secretaria Geral (460:595$145). A mordomia no << Pálacio da Presidência >> chegava a 22:999$989, acrescida a << Despesas Especiais do Pálacio >> num total de 35:142$750. O Legislativo também gastava bastante: 40:599$984 em sua secretaria e mais 23:240$100 em << despesas especiais >>. O Superior Tribunal de Justiça ficava com 25:279$351 e a Justiça, simplesmente, com 239:080$773. A polícia, a penitenciária e a << Guarda cívica >> levavam mais 679:952$227. Os zeladores de grupos e casas escolares custavam 43:910$045, enquanto as despesas especiais com a instrução pública se elevavam a 236:693$921, para mais 8:400$000 do Gynnasio Paranaense. Naquela época, a Biblioteca Pública já tinha (como ainda continua a ter) um dos menores orçamentos: 3:075$000. O saneamento começava a preocupar o governo: uma verba de 747:876$066 havia sido destinada para obras especiais, acrescentando aos 55:069/140 previstos para o serviço manter-se. A iluminação pública, então explorada por firma inglesa, custava 209:497$799, enquanto o serviço de água e << esgottos >> (observando a grafia da época) não chegava nem a 50%: exatamente 91:635$237. Curioso o item 36: 416:686$470 sob a rubrica << garantia de juros à Estrada de Ferro da Rocinha >>. Ou seja, o endividamento para obras públicas já começava a corroer as finanças do Estado. Os automóveis começavam a circular nas precárias estradas e ruas das cidades, mas o << Serviço de Diligências >> tinha uma expressiva dotação: 19:484$000, enquanto os << Passadores de Balsa >> tinham 5:640$000. Os funcionários com mais de 25 anos de serviço mereciam uma gratificação especial que totalizava 67:99$238. O empreguismo era menor: para o << pessoal inativo >> as despesas ficavam em apenas 4:981$257. Os prédios do Estado tinham seguros que totalizavam 6:437$250. A iluminação pública em Curitiba estava a cargo da The South Brazilian R. Companhy Limited e existiam em junho de 1924 nas ruas da Capital 1.726 lâmpadas com a intensidade de 135.564 velas e 151 transformadores.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
18/05/1980

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