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Aramis

... e os cinemas continuam tendo suas últimas sessões

Comprovando o que informamos na semana passada em relação à escalada de fechamento de cinemas no Paraná e Santa Catarina, em face da baixa [freqüência] de público, falta de estímulos oficiais e alto custo operacional, eis alguns números incontestáveis: a partir de 1º de janeiro último, cerraram suas portas os cines Ópera, de Mamboré, Ópera 2, de Pérola; Partenon, de Nova Santa Rosa e Espanhol em Novo Sarandi, além do histórico cinema da cidade da Lapa, ex-Glória e que com o nome de Éden II, foi reaberto há alguns meses pelo sr. Olivo Jader Tissi, que explora cinemas junto a algumas usinas hidrelétricas em construção (ou já construídas) no Interior. Mesmo tendo bom rendimento em seus cinemas junto às hidrelétricas - onde por falta de outros programas, existe ainda um público fiel - Olivo não suportou mais os prejuízos na Lapa. xxx Curiosamente, o antigo Glória, um dos mais antigos cinemas do Paraná, chegou a ter como proprietário, há mais de 50 anos, o sr. Antônio Braga e foi ali que o hoje governador Ney Braga assistiu os primeiros filmes. Em várias ocasiões - inclusive quando recebeu o poderoso Mr. Jack Valenti, presidente da Motion Pictures, em Brasília, quando era ministro da Educação e Cultura, Ney recordou, com orgulho, que seu pai foi exibidor e, já naquela época, enfrentava dificuldades. E, por certo, como homem que sempre gostou de cinema, o governador Braga fica triste ao saber que a sua cidade natal não tem hoje mais nenhum cinema - assim como tantas outras do País. Afinal, mais de 600 salas de exibição fecharam nos últimos anos. xxx Em Santa Catarina, também continuam a fechar cinemas em pequenas cidades: Capinzal, Luzerna, Campina da Alegria e Rio das Antas. E nos próximos dias também haverá as últimas sessões nos pequenos cinemas de Braço do Norte e Fraiburgo. xxx Zito Alves, durante 35 anos ligado aos cines Palácio Luz e Lido, hoje dirigindo a Paranacine Materiais Cinematográficos, é um dos homens que melhor conhecem os problemas econômicos dos pequenos exibidores. Há mais de um ano fez uma bem fundamentada carta à Embrafilmes, contendo sugestões e observações das mais interessantes, mas até hoje a empresa não se dignou a sequer lhe enviar uma resposta. E Zito tem dados, números e fatos que mostram a outra face da moeda do cinema, bastante diferente daquela que os "gênios" realizadores costumam dizer em agressivas entrevistas, sempre repletas de acusações, querendo responsabilizar os exibidores como únicos responsáveis pela crise dos cinemas. xxx Em Curitiba, o prefeito Jaime Lerner - que apesar de seus inúmeros compromissos sociais sempre reserva 2 a 3 noites por semana para assistir alguns filmes -, tem prometido tudo fazer para que reabram cinemas no centro da cidade. Entretanto, passado um ano de sua posse, nada de concreto ainda conseguiu quanto ao cine Avenida. Para os irmãos Souza, que exploram o Morgenau, prometeu um dos espaços destinados a cinemas na Praça Rui Barbosa. Só se espera que o arquiteto que venha a projetar o mesmo não tenha a infeliz idéia de fazer um cinema de proporções mínimas, inviável em termos práticos, como aconteceu com o Teatro de Bolso.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
01/04/1980

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