Os concertos com o talento de Menezes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de agosto de 1986
A partir de hoje, no Solar do Barão, 25 dos melhores músicos estarão, em tempo integral, se dedicando ao ensaio de um programa dos mais especiais. São os integrantes da Orquestra de Camara de Blumenau, sob regência de Norton Morozowicz, preparando o concerto que tem estréia no próximo dia 12 em Porto Alegre, no dia seguinte no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto e, no final do mês, mais duas apresentações em São Paulo.
Como solista, o instrumentista brasileiro de maior projeção internacional atualmente: Antônio Gerônimo Menezes, violoncelista que há 4 anos, em Moscou, conquistou o primeiro prêmio do Concurso Tchaikovsky, o suficiente para lhe abrir as portas do mais fechado círculo de música erudita do mundo. Hoje, com um cachê mínimo de US$ 3.500, Antônio Meneses tem uma agenda fechada por mais de dois anos e só o fato de desejar mostrar sua arte ao público brasileiro, o fez aceitar apresentar-se com a Orquestra de Blumenau, em 4 concertos, patrocinados pela IBM Brasil.
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Para Norton Morozowicz, 40 anos, ex-primeiro flautista da Sinfônica Brasileira - onde permaneceu 22 anos - hoje um dos instrumentistas regentes brasileiros de maior prestígio, esta série de concertos é das mais significativas. De princípio, porque representa mais uma confirmação do altíssimo prestígio da orquestra de Blumenau, que em apenas cinco anos firmou-se entre as melhores do País. Depois de ter como solistas virtuoses do nível de Jean Pierre Rampal, Maurice André, Ingrid Haebler e Arthur Moreira Lima, agora se apresenta com Antônio Menezes.
Em termos pessoais, Norton não deixa de se emocionar: afinal, viu nascer artisticamente o garoto Antônio Jerônimo, pernambucano do Recife, hoje com 28 anos, mas que ainda adolescente, mas já um prodígio de instrumentista, foi levado pelo pai, o velho João Jerônimo, primeira trompa da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Sinfônica Nacional há quase 15 anos. Amigos desde aquela época, Menezes e Norton fizeram inúmeros concertos, viajaram pelo Brasil e Europa e, agora, ambos já consolidados em suas carreiras, estarão trazendo um espetáculo do mais alto nível para apenas quatro apresentações nesta temporada.
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Antônio Meneses será solista de dois concertos: em si bemol maior, de Bocherini e o em dó maior, de Haydn. Para completar o programa, Norton escolheu o "Divertimento nº 11 de Wolfgang Amadeus Mozart e a Sinfonia nº 44, em mi menor ("Trauer Symphonie") de Haydn.
Com apenas duas gravações - uma feita com a Filarmônica de Berlim, sob regência de Herbert Von Karajan, outra registrada no ano passado para o selo Eldorado - Antônio Menezes tem, etretanto, um programa artístico imenso a sua frente. Possivelmente, esta será uma das poucas oportunidades para se aplaudi-lo, nos próximos dois anos, num concerto em Curitiba.
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Como todo grande talento, Menezes é, entretanto, uma pessoa simples e humilde. Tanto é que fez questão de antecipar sua vinda - chega amanhã cedo a Curitiba - para, junto com os jovens músicos da Orquestra de Câmara de Blumenau (da qual, 60% são paranaenses), preparar cuidadosamente o difícil programa a ser aplaudido, na noite de quarta-feira, no Teatro Guaíra.
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