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Aramis

Os empregos que as eleições oferecem

Dizer que a taxa de desemprego cairá a proporções insignificantes seria exagerar. Entretanto, não há exagero em prever eu até 15 de novembro abrem-se boas perspectivas para aproveitamento de uma ampla e diversificada mão-de-obra - desde a menos qualificada, faixas e cartazes ambulantes das centenas de candidatos - até os mais bem remunerados profissionais de comunicação - requisitados entre publicitários, jornalistas e , especialmente, homens de televisão que, se tornam indispensáveis para assessoria dos candidatos. Se os quatro principais candidatos a prefeito - Enéas Fari, Maurício Fruet, Ayrton Cordeiro e Algacy Túlio - tem intimidade com as câmeras e, especialmente, por microfones, há centenas de candidatos a vereador - e outro tanto dos que disputam prefeituras no interior - totalmente inexperientes com os meios de comunicação como a televisão e o rádio. xxx Nas últimas eleições, o tv-man Valêncio Xavier - que amanhã, às 11 horas, assume a direção do Museu e da Imagem e do Som - pela sua experiência em termos de televisão, como produtor, diretor e uma espécie de factotum desde os tempos pioneiros da TV-Paraná, foi requisitadíssimo por candidatos dos mais diferentes partidos. Paulinho Vítola, um dos mais sensíveis compositores do Paraná, há muito que reduziu seu prazer musical para atender projetos especiais - e especialmente na área política é sempre dos mais procurados. Outro publicitário de maior voltagem, Sérgio Mercer, ex-Exclam, hoje dono da Parceria, tem duas experiências políticas respeitáveis: foi quem criou o slogam "Eu quero votar para presidente", na campanha das diretas e, posteriormente, ao lado de Luiz Carlos Zanoni, ex-jornalista, ex-publicitário, hoje um próspero e tranqüilo empresário rural (que, por sinal, pouco tem sido visto no Paraná) estiveram entre os coordenadores da campanha do arquiteto Jaime Lerner a Prefeitura - que perdeu para Roberto Requião por menos de 20 mil votos. Até o início da semana, Mercer ainda não havia dado a resposta final ao convite que recebeu para ajudar na comunicação da campanha de Ayrton Cordeiro, que tem muitos amigos na área de imprensa e que, mesmo aparecendo com poucos pontos na primeira pesquisa, é , na opinião de muitos setores, capaz de reagir e dar muito trabalho ao favoritismo e a força de máquina do governo que, naturalmente, está concentrado todo seu poderio para a vitória de Maurício Fruet. xxx Individualmente, os candidatos e vereadores com maior visão estão procurando formar seus staffs, reunindo profissionais com maior ou menor competência - atraídos não apenas por ofertas financeiras, mas também por relações de amizade. Por exemplo o engenheiro J. Agostini (João Agostinho Vecchi), 42 anos, que ocupou já várias funções executivas, tem a sorte de contar com o assessoramento de José Maria Pizzarro, experiente homem de marketing, que radicado há quase 20 anos em Curitiba, desenvolvendo inúmeras atividades, solidificou raízes ao ponto de, nas eleições para deputado estadual ter feito 2.760 votos pelo PDC. Bem relacionado e, planejando detalhadamente a ação política, Pizzarro já começou a fazer sentir o seu trabalho num crescimento da campanha de J. Agostini - na dificílima disputa entre centenas de candidatos que buscam sair do anonimato e ocupar espaços capazes de se traduzirem em votos a 15 de novembro. xxx Em termos de fornecimento, o publicitário Carlos Niehues, representante comercial do grupo Visão/ Dirigentes no Paraná, foi o escolhido pela firma Matriz, de Campo Grande, para negociar o nosso Estado a venda de palcos-móveis instalados em carrocerias de caminhões, que oferecem excelentes vantagens. Apenas três pessoas, em 45 minutos, transformam os kits instalados na carroceria num moderníssimo palco de 46 metros quadrados, equipado com energia, som e luz própria - oferecendo mesa de som de 16 canais, amplificadores e 28 caixas acústicas. Ou seja, um Palanque para ninguém botar defeito, com 16 metros de cumprimento por 6 de largura com 5 mil watts de som - e que poderá ser utilizado em projetos culturais (representações de peças, shows musicais etc) passado o período eleitoral. Devidamente instalado, a carroceria-palco móvel tem um custo de 14 mil OTNs e Carinhos Niehues já tem pelo menos cinco interessados em adquirir os equipamentos. xxx Como equipamentos como os fabricados pela Matriz, de Campo Grande, serão ainda restritos apenas aos partidos de maior poder aquisitivo - acrescente-se ao custo da Unidade, também o preço de um caminhão - a grande maioria dos que disputarão vagas nos legislativos municipais estão optando por sistemas de som. Tanto é que as lojas especializadas estão reforçando os estoques, enquanto aos poucos técnicos capazes de montarem carros-de-som são disputados a preço de ouro. Que o diga o estimado Gebram Sabbag, um dos mais competentes - embora, pelos seus múltiplos compromissos, especialmente na noite, como pianista de jazz - tem que ser praticamente seqüestrado. Em suas horas de folga para atender uma clientela especial - e que aparece na época de eleições. Curiosamente, quando seu irmão mais velho, o falecido engenheiro Omar Sabbag, foi prefeito, Gebram nem pensava em usar o seu talento eletrônico para montar geringonças sonoras em veículos que saem as ruas fazendo propaganda política. Por uma simples razão: naquela época, as eleições eram silenciosas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
18/08/1988

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