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Aramis

Os filmes de Brazza, o bombeiro, no Morgenau

Bastou Zito Cavalcanti Alves, o mais estimado dos membros da comunidade cinematográfica curitibana, ler a reportagem "O cinema incendiário do bombeiro Brazza" que mereceu a nobre página do Caderno B na edição de domingo, 2, de "O Estado de São Paulo" para surgir a idéia: por que não trazer a Curitiba não só os filmes, mas o próprio bombeiro-diretor-ator-roteirista que, na cidade satélite de Gama, em Brasília é hoje o mais ativo cineasta brasileiro? [Jorge] e Erasmo Souza, os Irmãos Coragem no cine Morgenau, que nais do que o cinema como negócio, são apaixonados cinéfilos e dirigentes do Cine Clube Anibal Requião, foram contagiados com a idéia. Assim, ontem mesmo, Jorge já escrevia uma carta para Afonso Brazza, convidando-o para vir a Curitiba e aqui apresentar seus longa-metragens, "Procurador Jeferson, Matador de Escravos", "Os Navarros" e "Santhion Nunca Morre". Piauiense, 36 anos, Brazza é soldado do Corpo de Bombeiros em Brasília e cineasta nos fins-de-semana. Filmando apenas aos domingos, já realizou três filmes que exibiu, em cópias de 35 mm, no cine clube Porta Aberta, na cidade satélite de Gama que fica há 30 km do centro de Brasília - e que, aliás tem um intenso movimento de apoio ao cinema brasileiro - conforme aqui registramos em longa reportagem publicada há quase dois anos. O jornalista Eduardo Bueno, de "O Estado de São Paulo" foi a Brasília para entrevistar Brazza, saber como realiza seus filmes e conhecer as fitas - já disponíveis em vídeo mas só na locadora do próprio cineasta-bombeiro. xxx Em 1971, Afonso foi para São Paulo com o sonho de fazer cinema. Passava todo o tempo livre (para viver, trabalhou no início numa pastelaria) no cine Amazonas (hoje uma igreja evangélica) assistindo bang-bang e pornoproduções e quando viu "Gringo, o Último Matador" de Tony Vieira (Maury de Oliveira Queiroz, 1938-1990), decidiu mesmo que queria também fazer cinema. Trabalhou com Zé Mojica Marins (o Zé do Caixão), mas seria com Tony que teria o seu aprendizado: começou como marceneiro de produção, foi ator e aprendeu a roteirizar, editar, sonorizar e filmar ao longo de 48 produções. Há 10 anos, quando o cinema da Boca do Lixo começou a declinar, voltou para Brasília onde consegui entrar no Corpo de Bombeiros. Mas o sonho de fazer cinema não morreu e em 1982 rodava "Procurador Jefferson, Matador de Escravos", que conseguiu exibir na sua cidade e vender também para o Paraguai e Argentina. Em 1985, fez "Os Navarros", (em Trevas de Pistoleiros entre Sexo e Violência)". Seu terceiro longa é "Santhion Nunca Morre", produção de Cr$ 2 milhões e que na opinião do jornalista Eduardo Bueno, é o melhor. Atualmente, Brazza prepara a produção de "Inferno no Gama" que, para os orçamentos que costumam trabalhar (filmando aos domingos, com amadores que ganham, cada um, Cr$ 5 mil por dia de trabalho) terá um custo bem maior: Cr$ 8 milhões. Só que desta vez terá uma atriz famosa, justamente Claudete oubert, musa do cinema da Boca do Lixo e viúva de Tony Vieira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
04/06/1991

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