Login do usuário

Aramis

Os filmes do mercado (II) - Da Bulgária a Nova Zelândia, os filmes que ninguém conhece

O cinema do Leste europeu, de repúblicas populares que tem fortes indústrias cinematográficas, também começa a se expandir, ao menos em amostragens. Embora no Brasil, embaixadas de alguns países socialistas só agora comecem a organizar ciclos informativos, a abertura de canais para possíveis negociações de filmes da Bulgária, Checoslováquia, Polônia e outros países - como o mercado paralelo do FestRio - mostra o interesse crescente em que um outro lado do mundo chegue as nossas telas. Não é fácil, evidentemente, trazer filmes - sejam curtas ou longas, mesmo os de animação - para os já exauridos circuitos comerciais no Brasil, com um público cada vez menor. Entretanto, com o bom do vídeo e mesmo a tentativa de algumas redes de televisão em diversificarem suas linhas de programação, muitos filmes, com temas humanos e universais, ótimo nível técnico, podem chegar ao público. Sem falar em superproduções como "Os Tempos Heróicos (Baliás idók), de Jozsef Gemmes, inspirado num poema épico de Janos Arany - e que a Hungria está tentando fazer sair do pais. A Bulgária, cinematograficamente até hoje totalmente desconhecida entre nós, tem uma produção recente de filmes sobre personagens simples, histórias aparentemente bem engendradas e sempre com mensagens positivas como os filmes de Nikolai Volev, "Da obischash na inat" (que seria no Brasil "Tudo pelo Amor"), ou "Stepni Hora" ("Steppe People), de Yanoush Vazov, 60 anos, há 35 anos um dos mais atuantes realizadores do cinema búlgaro. Outra grande produção búlgara é "The Central Hotel", de Vasselin Branev, baseado em dois contos de Konstantin Konstatinov (1890-1970) e com ação tendo por cenário um belo hotel e seus hóspedes na segunda metade dos anos 30. O cinema da Nova Zelândia Internacionalizando-se a partir dos anos 70, o cinema australiano vem exportando seus realizadores de maior talento para os Estados Unidos - mas, para este final de década, poderá aparecer outra safra de realizadores de igual vigor, vindos da Nova Zelândia, cujas produções já começam a ganhar aplausos do Japão aos Estados Unidos. O poderoso American Film Institut já avalizou: "os filmes da Nova Zelândia afiguram-se como novos vencedores do mundo". Por enquanto, esta cinematografia está totalmente inédita no Brasil mas a New Zealand Film Commission, após ter se instalado com grande stand no último festival de Cannes também se fez representar no FestRio, mostrando material e tapes com algumas produções de 1987. Entre elas um desenho animado de longa-metragem. "Footrot Flats", de Murray Ball; "Ngati" de Barry Barclay - sobre a chegada de um estranho numa pequena cidade e as modificações que provoca na comunidade. "Starligh Hotel", de Sam Pillsbury, tem sua ação ambientada no verão de 1932, sobre uma jovem (interpretada por Greer Robson) que busca seu pai desaparecido. "Illustrious Energy", de Leon Narbey, é um drama sobre dois mineiros chineses que trabalham duramente para encontrar um veio de ouro. A produção da Nova Zelândia é ampla e diversificada, com realizadores e intérpretes ainda desconhecidos mas que, dependendo de lançamentos internacionais podem conquistar espaços. Alguns diretores, como John Reid tem buscado nomes internacionais para sua produções. Assim em "Leave-All Fair" o principal intérprete foi o inglês sir John Gielgud. Em 1984, a Nova Zelândia chegou a competir em Cannes com "Vigil", de Vincent Ward, história de um caçador que chega numa distante fazenda, após a morte de seu proprietário - e tem um envolvimento com a sua filha. Enfim, o cinema - esta mágica indústria de sonhos e ilusões tem nascentes e trabalhos curiosos e interessantes nas mais diferentes partes do mundo e, mesmo que apenas um ou dois por cento de filmes de cinematografias como a búlgara, checa, coreana ou neo-zelandesa consigam furar os bloqueios e chegar a outros países, já terão contribuído para aproximar os homens - ao menos na informação audiovisual neste nosso final de século. LEGENDA FOTO: "Tempos Heróicos", uma superprodução húngara na busca de espaços internacionais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
3
03/12/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br