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Aramis

Os partidos de 50 anos passados (III)

Entre os quase 150 partidos políticos que floresceram no Brasil durante a primeira metade dos anos 30 e, posteriormente, após a redemocratização (1945), há várias siglas curiosas, representando segmentos específicos da população, classes sociais, econômicas, profissionais e ideológicas, naturalmente. Mais ou menos como ocorre agora, na Nova República, com 30 partidos constituídos nos últimos meses. Nas 163 páginas que o Dicionário Histórico Biográfico-Brasileiro (Cidoc-Forense) dedicou aos partidos políticos, há verbetes de todas as agremiações político-partidárias fundadas entre 1930/1983, algumas de efêmera duração e de alcance apenas regional em alguns Estados, enquanto outras, nacionais, ainda subsistem, como o Partido Trabalhista Brasileiro (1945), o Partido Democrata Cristão (1945) e o Partido Comunista Brasileiro (1922). Em 1933, o ano do boom dos partidos, devido às eleições para a Constituinte, surgiram dois partidos autonomistas: um no distante Território do Acre, outro no Rio de Janeiro. A palavra Constituição, assim como Democracia, tem a maior força na criação de agremiações políticas. Assim, no início dos anos 30, eram fundados o Partido Constitucionalista do Pará e o Partido Constitucionalista de São Paulo (este, contando nos seus quadros, entre outros idealizadores, com Armando de Sales Oliveira), enquanto na busca do eleitorado rural surgiam, à mesma época, o Partido da Lavoura de São Paulo e do Espírito Santo. O Partido de Representação Popular, de inspiração fascista, foi fundado pelo integralista Plínio Salgado (1815-1975), em 26 de setembro de 1945, e só extinto a 27 de outubro de 1965 pelo Ato Institucional nº 2. Entretanto, até hoje os ativos militantes dessa facção se mantêm unidos, embora em outras diferentes siglas. A 7 de novembro de 1932, com o propósito de congregar todos os paulistas e elementos de outros Estados que participaram, em julho daquele ano, da Revolução Constitucionalista, foi criado em São Paulo o Partido dos Capacetes de Aço que não chegou a ter vida longa nem a participar das eleições para a Constituinte. xxx Nada menos do que quatro Partidos Econômicos também surgiram entre 1932/33: o Economista Democrático de Alagoas, o Economista Democrático do Distrito Federal (então Rio de Janeiro), o Economista do Brasil (também chamado Partido Econômico Nacional) e o Economista do Rio de Janeiro. Já em Mato Grosso e Rio de Janeiro foram fundados os Partidos Evolucionistas, mas o grande must, em termos de nomes, era a palavra Liberal. Assim, surgiram onze agremiações com a sigla Liberal, em Santa Catarina, Pará, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná - o oposicionista Partido Liberal Paranaense, formado pelo general Mário Tourinho, que viria a ser deputado federal, e pelos coronéis Roberto Glasser (senador, anos depois, pelo PSD) e Joaquim Pereira de Macedo. xxx Afora o Partido Comunista Brasileiro e suas dissidências mais recentes (Partido Comunista Revolucionário do Brasil e o PC do B), muitos partidos de esquerda surgiram, nos últimos 50 anos de vida política, o Partido Nacional Socialista do Rio Grande do Norte, o Partido Operário-Camponês do Rio de Janeiro, o Operário Comunista, e o Partido Operário Leninista, o Operário Revolucionário (este bem mais recente, de 1953) e o Partido Popular Sindicalista. De modo mais mineiro, muitos partidos preferiram o termo Progressista, menos assustador para as correntes conservadoras. Assim, surgiram Partidos Progressistas em Minas Gerais e Alagoas, o Progressista Piauiense, o Progressista Radical do Rio de Janeiro e o Progressista Democrático, fundado em Juiz de Fora, em 17 de maio de 1937, portanto, poucos meses antes do Estado Novo. xxx Apenas dois partidos políticos fundados até hoje no Brasil trouxeram a expressão PROLETÁRIO na sigla: o do Espírito Santo e o Proletário do Rio de Janeiro, que em março de 1933 foi organizado pelo veterano ativista José Fernandes Monteiro, então presidente de uma "Federação Proletária do Estado do Rio". xxx Se o Partido Republicano (fundado em agosto de 1945), até a extinção, em 27 de outubro de 1965 (AI-2), aparecia com uma digna presença, filiando homens de grande expressão (no Paraná, o estadista Bento Munhoz da Rocha Netto), na força de expressão Republicano surgiram várias outras siglas menores: o Republicano Castilhista, no Rio Grande do Norte; o Republicano de Alagoas; o Republicano de Santa Catarina, o Republicano Democrático, no Rio de Janeiro; os Republicanos do Amazonas, Maranhão e Piauí; o Republicano Fluminense; o Republicano Liberal Riograndense; o Republicano Libertador da Paraíba; o Republicano Matogrossense; o Republicano Mineiro; o Republicano Nacionalista do Ceará; o Republicano Paulista; o Republicano Progressista, também em São Paulo (base do posterior Partido Social Progressista, dominado até o final pelo velho Adhemar de Barros); o Republicano Progressista do Ceará; e o Republicano Social de Pernambuco. Como se vê, certos nomes têm apelo. E Republicano foi, durante vários anos, um dos nomes mais usados nos meios políticos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13/11/1985

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