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Aramis

"A Paisagem Natural" foi o grande vencedor da Jornada

Salvador - A ecologia, a solidariedade humana e a visão bem humorada da vida urbana valeram os prêmios mais importantes da XVIII Jornada Internacional de Cinema da Bahia, encerrada quinta-feira à noite. "Paisagem Natural", um documentário de 21 minutos que o paraibano Vladimir de Carvalho, 56 anos, rodou há dois anos para integrar o projeto "Brasília - A Última Utopia" (*) foi o grande vitorioso, com o Tatu de Ouro como melhor filme da jornada, melhor curta e valendo ainda a Walter Carvalho, seu irmão mais moço, o Tatu de Bronze de melhor fotografia. "Viver a Vida", o bem humorado e descontraído filme da paulista Tata Amara, sobre o dia-a-dia de um esperto office-boy, que já havia sido premiado nos festivais de Brasília (julho) e Gramado (agosto), saiu com mais dois Tatus: o de ouro como melhor curta e o de prata de melhor direção. "Ameríndia - Memória, Remorso e Compromisso no V Centenário", do padre Conrado Berning - (projetado em duas sessões no Cine Ritz, na noite de 11 de setembro último) - ganhou o Tatu de Ouro de melhor documentário de longa-metragem. Dentro de um evento que significa o cinema reflexivo e solidário, abrigando obras que fazem pensar, os resultados do júri foram coerentes. "Os Desertos Dias", de Fernando Severo, obteve uma menção honrosa, "por sua realização atraente e profissional". Melhor sorte tiveram os catarinenses José Nunes Pires e Norberto Veranio Depizzolatti, que receberam o Tatu de Prata como melhor curta de ficção - "Manhã", inspirado num poema de Carlos Drummond de Andrade, roteirizado pelo gaúcho Tabajara Ruas e que levado a Brasília no festival-90 não teve nenhuma distinção. Agnaldo Siri Azevedo, 53 anos, um dos mais competentes cineastas baianos, teve o seu belo "Adeus, Rodelas", no qual registrou os últimos dias de uma pequena cidade inundada pelas águas da Usina de Itaparica, recebeu além do Tatu de Prata como melhor curta documental, também o Prêmio Ocic. O júri da Organização Católica Internacional de Cinema, integrado pelo professor José Tavares de Barros, padre Nelson Luiz da França, Angeluccia Habert e irmã Maria das Graças Silva, conseguiu também uma menção especial para "O Cristo Procurado", filme de animação de 11 minutos de Rui de Oliveira, parábola religiosa de muita sensibilidade. O prêmio de montagem (Tatu de Bronze) foi dividido entre "Viver a Vida" (Michael Ruman / Wagner Picollo) e "Numa Beira de Estrada" (Adriana Borges). O argentino Edgard Rudiny Teky mereceu o Tatu de Bronze como melhor música pelo documentário de longa-metragem "La Noche Eterna". O júri concedeu também um prêmio especial para "Heinz Forthmann", documentário de Marcos de Souza Mendes sobre o fotógrafo alemão Forthmann (1915-1978) que documentou expedições do marechal Rondon e conviveu com Cardy Ribeiro e Orlando Villas-Boas, que ao longo de seus 52 minutos oferecem vários depoimentos. Nota (*) Realizador de documentários notáveis como "O País de São Saruê" (67/71); "O Homem de Areia" (81) e "O Evangelho segundo Teotônio" (84), Vladimir Carvalho fez "A Paisagem Natural" como parte do projeto "Brasília - A Última Utopia", que reunindo cinco episódios de cineastas diferentes radicados no Distrito Federal, oferece uma visão diversificada da Capital da Esperança. Estreada no Festival de Brasília-1990 - e até hoje sem lançamento no circuito - "Utopia" está tendo seus episódios desmembrados. Vladimir, que atualmente transcreve para 35mm um extraordinário documentário sobre Brasília ("Conterrâneos Velhos de Guerra", fruto de 25 anos de trabalho em Brasília, onde está radicado), cansado pelo ineditismo de "Última Utopia", está mostrando separadamente o seu belíssimo documentário, com justiça premiado com o Tatu de Ouro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
28/09/1991
Adorei a leitura sobre a paisagem.

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