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Aramis

Palmas é nossa mas o nome era sem o 's'

A discussão em torno da escolha do nome de Palmas para a futura capital do Estado de Tocantins pode propiciar debates que extrapolem as questões jurídicas que o secretário René Dotti, da Cultura, levantou em um irado documento encaminhado ao governador Álvaro Dias para ser levado a várias entrâncias. Afinal, pode-se até discutir as origens do nome do município paranaense. Por exemplo, a professora Roselys Velloso Roderjan, na dissertação de mestrado sobre "A Formação de Comunidades Campeiras nos Planaltos Paranaenses e sua Expansão para o Sul", defendida na Universidade Federal de Santa Catarina, há apenas quatro meses, levantou uma hipótese bastante curiosa. O nome original dado à região na qual se ergueria a cidade de Palmas seria Palma (sem "S") em homenagem ao Conde de Palma - D. Francisco de Assis Mascarenhas, governador da Capitania de São Paulo, empossado a 8 de dezembro de 1814 e que nesta função permaneceu até novembro de 1817. xxx Resultado de mais de cinco anos de pesquisas, a tese da professora Roselys Velloso Roderjan, curitibana, foi baseada em exaustivos estudos feitos em arquivos, registros civis, listas de ordenanças (censos militares), buscando estabelecer basicamente raízes genealógicas da famílias - troncos que colonizaram o Brasil meridional - Paraná e parte do Rio Grande do Sul. Assim, em seus estudos observou que no mapa da região Oeste, traçada por João Henrique Elliott, já ao tempo da província do Paraná, quando ainda não existia a povoação de Palmas e sim "Cachoeira", a região era assinalada com o nome de "Campo de Palma" (sem o "S" final). A professora externa, então o seu ponto de vista que esta denominação - Palma - tenha sido dada em homenagem ao conde de Palma, que, como governador da Capitania de São Paulo, havia enviado o alferes Atanagildo Pinto Martins, da Cavalaria Miliciana de Curitiba, no comando de uma missão para abrir a histórica "Vereda das Missões" - na conquista da região. Argumenta a professora Roselys: "Assim como, na época da Conquista dos Campos de Guarapuava (1810), deram ao primeiro abarracamento, sede da Real Expedição, o nome de "Linhares", em homenagem ao ministro conde de Linhares, seu idealizador; como o nome do governador da Capitania de São Paulo, o capitão-general Antonio José da França e Horta (que ocupou o cargo entre 1808/1811), foi dado na ocasião ao rio Horta, nos Campos Gerais. Portanto, é perfeitamente aceitável que o nome "Palma", título nobiliárquico do capitão-general, que substituiu a Horta no governo de São Paulo, passasse a designar os campos que, a seu mando, o alferes Atanagildo explorou". A povoação de Palmas evoluiu lentamente, enquanto as fazendas de criação de gado se estendiam pelos campos, Joaquim José Pinto Bandeira, numa "Notícia dos Campos Gerais", registraria que o nome Palmas "veio talvez da abundância dos coqueiros butiás por eles espalhados". E a partir de então, este foi o nome consagrado. Mesmo que a hipótese levantada pela professora Roselys não possa embasar maiores justificativas em relação ao nome que ficou consagrado como Palmas, não deixa de ser no mínimo interessante conhecer este lado da questão. Afinal, a discussão em torno da escolha de Palmas para nominar a futura capital do recém-criado Estado de Tocantins já provocou irados comentários de paranistas radicais - como Francisco Brito de Lacerda (que é lapiano e nunca viveu na região Oeste), e que ganhou agora, uma colherada oficial com a intervenção do jurista René Dotti, na condição de secretário da Cultura, neste debate prosaico. xxx Em tempo: atualmente a capital do Tocantins é Miracema do Norte. LEGENDA FOTO - Roselys Roderjan: depois de escrever sobre folclore e música, mostra como os paranaenses ajudaram a colonizar o Rio Grande do Sul.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/02/1990

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