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Panorama ecológico na busca do canto em favor do Paraná

Na aproximação cada vez maior da arte e ecologia, que tem trazido ao Brasil nomes da dimensão internacional de Sting e Tom Cruise, entre os novos superstars do cinema, há também reflexos regionais: depois que Chitãozinho e Xororó - hoje a dupla que mais fatura no país - aproveitou o lançamento do Consórcio Tibagi (21 de setembro, Ibiporã) para ali dar o seu recado musical, sem cobrar nehum centavo, é a vez de um atento empresário artístico, Benê Silva, promover neste fim-de-semana o Festival Nacional de Música Ecológica, no município de Panorama. Localizado às margens do Rio Paraná, com seu traçado urbanístico tendo nascido, há 30 anos, de um notável planejador, Prestes Maia (que chegou a ser prefeito de São Paulo), Panorama comemora 35 anos em 1990 e o prefeito Francisco Riboli Paes (Chicão), astutamente, percebeu que a ecologia rende votos e garante notícias na imprensa. Assim, a exemplo do que Jaime Lerner vem fazendo há um ano em Curitiba - e que Ricardo Barros tenta em Maringá (com vistas a uma sonhada candidatura ao governo dentro de 5 anos), o Chicão decidiu apoiar o projeto: "Adote o Verde, Abrace o Rio", que tem neste festival musical, com canções de temas ecológicos, o seu ponto de marketing promocional. xxx No ano passado, pouco antes de sua morte, em 2 de agosto, aos 79 anos (que completaria em 13 de dezembro), Luiz Gonzaga, no primeiro (e último) elepê que fez na Copacabana (passou toda sua vida exclusivo da RCA/Barclay), voltou a mostrar sua preocupação ecológica, presente em inúmeras canções nas quais falou da terra, flora e especialmente das aves, como nos clássicos "Asa Branca" (1947) e "Açum Preto" (1950), ambas parcerias com Humberto Teixeira. No disco "Vou Te Matar de Cheiro", inclui como abertura do lado B o "Xote Ecológico", parceria com Aguinaldo Batista - e que o mineiro Tavinho Moura soube incluir como tema incidental na belíssima trilha sonora de "Minas Texas", o último filme de Carlos Alberto Prates, inédito para o público (esteve apenas em competição no XXII Festival de Cinema Brasileiro e no VI FestRio/Fortaleza). Pela importância do grande Lula em, mesmo doente gravemente, se voltar a fazer um apelo em favor da preservação da natureza, incluímos seu "Xote Ecológico" como uma das canções do ano e cuja letra vale como um verdadeiro manifesto - justificando que os programadores das rádios divulguem esta gravação na voz poderosa de seu próprio autor. Não posso respirar, não posso mais nadar A terra está morrendo não dá mais pra pantar E se plantar não nasce e se nasce não dá Até pinga da boa tá difícil de encontrar Cadê a flor daqui? Poluição comeu. O peixe que é do mar? Poluição comeu. O vento onde é que está? Poluição comeu. E nem o Chico Mendes sobreviveu. LEGENDA FOTO - Luiz Gonzaga: "Xote Ecológico", um testamento musical em favor da natureza gravado em seu último disco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/01/1990

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