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Panorama, O Jornal

Com todas as condições para alcançar o maior impacto na imprensa brasileira, o jornal "Panorama", a partir do próximo domingo, em todas as bancas do Norte do Estado e também circulando no Sul, será um jornal com características novas. Uma equipe de profissionais do mais alto nível - vários Prêmio Esso, jornalistas de muita experiência em revistas e jornais do Rio de Janeiro e São Paulo - vem trabalhando desde agosto, preparando este novo órgão de comunicação. Os setores econômico e agrícola terão várias páginas, enquanto a exemplo de "O Estado de São Paulo" e "Jornal da Tarde", não haverá coluna social, pois, como explica o diretor-de-redação Délio Cesar, 36 anos, 15 de jornalismo, ex- "Última Hora", "quando a notícia for boa merecerá cobertura própria. Quando não for, não merecerá ser publicada". A importância da circulação de "Panorama" justificou a revista "Banas" (n. 1085, semana de 17/23 de fevereiro) a lhe dedicar uma ampla reportagem em que inicia lembrando um argumento muito válido: "Toda vez que acontece qualquer mudança, a informação vira artigo de primeiríssima necessidade; e a gente parece que respira, come e bebe - consome informação". O novo matutino circula na sede de uma região do mais alto rendimento econômico do país. O especial enfoque que o jornal dará ao setor agrícola justifica-se plenamente: concentrando uma população de seis milhões de pessoas - o que significa dois terços dos habitantes de todo o Estado - a região Norte tem sua economia baseada essencialmente na atividade agrícola. A produção, bastante diversificada, é constituída por café, milho, algodão, feijão, amendoim e, agora, soja e trigo. "A dobradinha soja-trigo - profetiza Antônio Euclides Sapia, diretor comercial de "Panorama" - coloca em risco de enriquecimento imediato mais de oitenta mil proprietários rurais da região. É que o soja e o trigo são plantados em rodízio: quando termina a colheita de um, sem perda de tempo, começa o plantio do outro. Essa rotatividade de culturas gera enormes volumes de dinheiro". Com mais de 100 páginas, a edição histórica que marcará o aparecimento de "Panorama" terá reportagens e textos de pesquisas da maior importância, revelando fatos até hoje desconhecidos sobre a colonização da região. Para isso Narciso Kalil, editor-chefe, ex- "Realidade", montou um plano de trabalho iniciado em agosto/74 que exigiu além do trabalho de toda a equipe - já grande - do jornal, também reportagens especiais. Por exemplo, João Antonio, respeitado como um dos melhores contistas da nova geração, autor de "Malagueta Perus e Bacanaço" (Editora Civilização Brasileira, 1961), passou 45 dias em Londrina, para escrever três reportagens sobre a visão de uma paulista que nunca havia pisado naquela cidade - e que por ela se apaixona. Terceira cidade do sul do País- superada apenas por Curitiba e Porto Alegre, Londrina constitui-se na verdadeira capital do Norte do Paraná, núcleo ao mesmo tempo difusor e catalisador de influencias. Por isso, a cidade ganhou lugar de destaque como o terceiro caderno da Edição Histórica, pois "alo se refletem todos os problemas e se concentram todas as esperanças de um futuro melhor" para os habitantes da região. Cada um dos cadernos da Edição Histórica de Panorama terá quarenta páginas (setenta por cento de texto e trinta por cento de publicidade), estão sendo impressas em off-set (a exemplo do jornal diário), com capas e contracapas em quatro cores. Um dos cadernos desta edição - O Café - analisara aspectos fundamentais da economia paranaense, tais como o IBC e a política do café, a substituição desse produto pelo soja e pelo trigo, a estrutura fundiária, a permanente dependência da economia do Estado em relação ao mercado internacional, a crise do petróleo, o "crack" de 29 e suas semelhanças com a crise de 75, o bóia-fria, as mudanças na estrutura agrária e a distribuição de renda no Norte do Paraná. Xxx Uma prova de verborragia nordestina é dada pelo advogado Oswaldo Semião Lins, que vinha dirigindo o Escritório do Estado de Alagoas em São Paulo e que sendo escolhido pelo governador eleito Divaldo Suruguay para a Secretaria da Fazenda, distribuiu à milhares de pessoas para quem regularmente remetia o "Jornal da Amizade" - publicação promocional do governo de Alagoas, uma carta- convite em que não faltam adjetivos. Por exemplo, diz Semião; "No próximo dia 17 de março, no Palácio Marechal Floriano Peixoto, e, Maceió, estarei sendo empossado no cargo de secretário da Fazenda do estado, pelo excelentíssimo senhor governador Divaldo Suruguay, esse símbolo que o Movimento Revolucionário de 1964, atendendo aos anseios partidários e do povo alagoano, achou por bem designar para o Estado de Alagoas, como meta e exemplo do que pode o homem, quando busca pelo saber, pelos bons princípios de formação familiar, tolerância, honradez e serenidade, jamais deixando-se atingir pelos preconceitos e ódios, um ideal comunitário".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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04/03/1975

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