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Aramis

Para quem não gosta de Carnaval, aproveite bons filmes em cartaz

Como nem todo mundo gosta de Carnaval há também os que não indo à praia não ficam fascinados pela videomania, acontecem algumas estréias nesta semana de Momo. Além de outros filmes atraentes continuarem em exibição. Entre as estréias temos uma versão inglesa sobre o "Escândalo" que, há quase 30 anos, abalou o Império de Sua Majestade, quando duas prostitutas - Christina Keeler e Mandy Race-Davies - transavam simultaneamente com um ministro inglês e um adido militar soviético, Clint Eastwood volta como ator - após ter provado sua competência de diretor em "Bird" - num misto de comédia e policial - em "O Cadillac Cor de Rosa". SEXO À INGLESA O "Caso Profumo" ocupou manchetes da imprensa mundial no início dos anos 60, quando o osteopata Stephen Ward (John Hurt, ator de "O Homem Elefante") tinha um grupo de belas jovens para "atendimento" de "serviços pessoais" para nobres, astros de cinema e políticos garanhões. Uma delas, Christine Keller (Joanne Whalley Kilmer), então com 17 anos, corista de um cabaré, balançou a cabeça de muitos admiradores, entre os quais Lord Astor, Peter Rachman, o adido soviético Eugene Ivanov e John Profumo, secretário da Guerra do gabinete do primeiro ministro Harold MacMillan. Christine e uma amiga, Mandy Rice-Davis (Bridigete Fonda) entraram numa ciranda sexual que entre transas mil fez com que o Império Britânico tremesse: em 1961, ainda na época da Guerra Fria, até que ponto Profumo (Ian McKellen) não teria passado informações secretas (ou no mínimo comprometedoras) ao adido soviético Ivanov (Jeroen Krabbe) entre uma transa e outra de miss Keller? 18 anos depois destes fatos, o diretor Michael Caton-Jones, um nome até então desconhecido no cinema, decidiu fazer uma relavagem desta roupa suja, com os lençóis repletos de esperma daqueles dias tormentosos e o resultado é "Escândalo - A história que abalou um império" (Scandal), que, na Inglaterra, naturalmente, teve grande sucesso. No Brasil, nestes tempos permissivos e no qual poucos se lembram do Caso Profumo o filme está passando desapercebido. No Condor, estreou ontem. O CADILLAC COR DE ROSA Depois da pantera e da moça do vestido Pink, surge o Cadillac Cor de Rosa dirigido por Clint Eastwood. Embora ótimo diretor, o hoje sexagenário Machado, preferiu entregar a direção deste "Pink Cadillac" a Buddy van Horn, que há anos vem trabalhando em suas produções. Mas é claro que a última palavra sempre fica com ele que sabe a receita de agradar ao público. Com muita ação - Tommy Nowak (Clint) persegue criminosos e infratores, usando disfarces e alcançando êxito. Mas quando é designado para descobrir os mistérios de uma bela mulher que dirige um Cadillac cor-de-rosa, ano 1959, Lou Ann McGuinn (Bernardette Peters) as coisas se complicam. O filme deve ter boas seqüências de ação e cuidados de produção com trilha sonora de Steve Dorff. A verificar. No São João. VAMOS DE SING! À primeira vista pode até parecer uma cruzada "Fama" com os brakers-dances nova-iorquinos num clima de "Faça a Coisa Certa". Mas não é! "Sing - A um passo da Fama" (Cine Plaza) é um filme no mínimo curioso sobre uma tradição nova-iorquina desenvolvida a partir de 1947 mas que até hoje não caiu na mídia consumista. Há 43 anos, Bella Tillis, uma professora de música e canto que, regionalmente, parece ter pego. Sob supervisão dos professores, cada turma selecionava um tema e produzia seu próprio show musical de uma hora, competindo um contra o outro durante 2 ou 3 noites pela honra de receber o troféu Sing. Por trás desta competição musical - típica numa cidade em que milhares de jovens chegam em sonharem aos musicais da Broadway - um panorama social. O roteirista e Letrista Dean Pitchford começou a trabalhar no argumento há 5 anos e a produção parece ter sido cuidadosa, com a seleção de novos talentos. O diretor é Richard Baskin, primeiro compositor que passa a esta função. Um filme-musical atual, diferente e que merece obrigatoriamente também ser conferido, no Bristol. O pesadelo da Rua Carrol - Um dos assuntos até hoje menos abordados pelo cinema - o MacCarthismo - somado com elementos do tema que mais filmes tem motivado - a fuga de criminosos nazistas - misturam-se no roteiro do competente Walter Bernstein (inicialmente em cooperação com Roberto Benton e Arlene Donovan) e dirigido pelo inglês Peter Yates. Já tendo abordado a questão do MacCarthismo em "Testa de Ferro por Acaso" (The Front, 76, de Martin Ritt), Bernstein em "O Pesadelo na Rua Carrol" faz um thriller sobre um jovem (Kellly McGillis, de "A Testemunha" que, na Nova Iorque início dos anos 50, tem sua carreira de talentosa publicitária prejudicada devido seus ideais em torno dos Direitos Humanos que o levam ao Comitê presidido pelo senador Joe MacCarthur. Emily Crane, a jovem idealista, perde o emprego, passa a ser perseguida pelo governo e descobre o que parece ser uma perigosa conspiração criminosa internacional. Uma trama que, bem desenvolvida, já oferece condições para resultar num excelente thrilling. Acrescente-se a isto a experiência de Peter Yates, conhecido por "Bullit", mas cuja filmografia tem grandes momentos - como os intimistas "John e Mary" (69) ou "O Fiel Camareiro", (83). "The House of Carroll Street" ganhou uma atração extra: o terceiro nome do elenco é da veterana Jessica Tandy, 81 anos, indicada ao Oscar-89 de melhor atriz por sua atuação de uma "Driving Miss Daisy". Jessica é, por si só, motivo para se assistir a "Pesadelo na Rua Carrol", que tem ainda no elenco Jeff Daniels e Christopher Rhodes. E a música é de um mestre - o francês Georges DeLeRue. OUTRAS OPÇÕES Quem gostou do "Segredo do Abismo" pode curtir mais horror subaquático se tiver disposição de enfrentar a barra e chegar ao Morgenau na Praça Rui Barbosa: ali, em programa duplo, a Columbia está lançando "Abismo do Terror", de Sean Conninghan. Dois filmes excelentes continuam em exibição: "Afogando em Números/Drowning by Numbers), de Peter Grenaway (Ritz) e a reprise de "O Selvagem da Motocicleta" de Francis Coppola (Groff, a mais mal cuidada sala de exibição da cidade). "Querida, encolhi as crianças". De Joe Johnston, prossegue no Astor, enquanto "Sonhos de Menina Moça" de Teresa Trautman ganha segunda semana no Luz e "Um Trem para as Estrelas", de Carlos Diegues, no distante Guarany. "Meus Vizinhos são um Terror" (The Burbs), de Joe Dante, com Tom Hanks, Bruce Dern, Carrie Fisher e Corey Feldman, passou para o Lido II, enquanto no Lido I prossegue o "De Volta para o Futuro - II". No Cinema I, retorna um filme-midas: "Deus, Como Te Amo". Produção italiana, preto-e-branco, com Gigliola Cinquetti (um brotinho na época) e Mark Demmon, inspirada na canção de Domenico Modugno. LEGENDA FOTO 1 - "Pesadelo na Rua Carrol" mistura MacCarthismo e nazismo: um filme a ser verificado. Em exibição no Bristol. LEGENDA FOTO 2 - Profumo (Ian MacKellen) e Christine Keeler (Joanne Whalley Kilmer), pivôs do "Escândalo" que foi manchete internacional no início dos anos 60. Agora o filme está em exibição no Cine Condor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
23/02/1990

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