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Aramis

Passoca e Eliete, novo som Brasil

Quem está cansando com a mesmice musical que assola o País e deseja conhecer dois exemplares talentos capazes de revigorar nossa MPB tem uma cxcelente oportunidade, a partir de sexta-feira próxima, no Paiol: a temporada do compositor-cantor Passoca e da vocalista Eliete Negreiros. Eles não são ouvidos nas FMs da vida, não mereceram até hoje especiais de televisão e, embora com discos gravados, não frequentam paradas de sucesso. Representam, entretanto, o que há de melhor, em termos de música nova, criativa e extremamente brasileira. De raízes profundas. Passoca, na verdade Marco Antonio Vialba, paulista de Santos, 35 anos, consegue fazer uma música que vai da simplicidade do "Tristezas do Jeca" à vanguarda que identifica ao grupo do paranaense Arrigo Barnabé. Aliás, Arrigo, excelente caráter, amigo dos mais leais, impõs como condição ao assinar contrato com a Barclay, há dois anos, que Passoca fizesse um disco naquela gravadora. Robson Borba, engenheiro civil, londrinense como Arrigo, produziu "Sonora Garoa" para nós um dos 10 melhores elepês lançados lançadas no Brasil no ano que passou. Anteriormente (lp "Que Moda", RCA, l979), Passoca já havia mostrado seu incrível talento, capaz de reunir composições próprias e regravações de sucessos de 50 anos passados ("-Guacyra", Heckel Tavares/Joracy Camargo já se disse, faz uma música que é da cidade sem ser urbana e rural sem ser do campo. Eliete Negreiros, que dividirá o show com Passoca, está na lida musical há mais de 10 anos. Em 1975, ao lado dos irmãos Barnabé (Arrigo e Paulo), mais Itamar Assumpção e Robinson Borba, fez o vanguardista show Coração de Árvore", que estreou em Londrina e chegou a merecer uma apresentação no Paiol, contando, aliás, já naquela ocasião, com entusiástico registro de nossa parte. Eliete viveu no México e nos Estados Unidos (fazendo música, mas só em 1982, ao interpretar "Outros Sons'(Arrigo/Carlos Rennó), no festival MPB-Shell começou a merecer maior atenção. Arrigo produziu seu lp ("Outros Sons", o Som da Gente, 1982), que a colocougrande como daquele ano. Como Tetê Espindola e Vanda Bastos (está ainda inédita em disco), Eliete Negreiros representa uma nova geração de cantoras, que não se prende a esquemas e padrões de consumo. Portanto, representa o novo, o inusitado, que nem sempre é entendida e aceito na primeira vez. Mas, quem tem ouvidas suficientemente desprovidos de preconceitos e acomodação comercial, saberá ver em Eliete uma cantora da maior força, num espetáculo de extrema simplicidade, que traz também esse incrível, talentoso e caipiramente revolucionário Passoca. Glorinha Gadelha e Sivuca desembarcam, amanhã, em Curitiba. Chegam preocupados, pois já estão informados do fracasso do Projeto Pixinguinha em nossa Capital.Acostumados e a apresentar-se perante auditórios lotados, o casal de artistas teme, também, ter que fazer dois shows para uma esvaziado Guaíra, já que até ontem não havia sido providenciada divulgação dessa última etapa do Projeto Pixinguinha. Junto a Glória e Sivuca, vem compositor e cantor Valdit Mansur, do Recife, talento selecionado dentro do Projeto Pixin- guinha para dar oportunidade aos novos artistas. Rosy Greca, compositora paranaense da maior voltagem e que está preparando seu primeiro lp (independente) fará a abertura do Pixinguinha. Só que, a exemplo dos outros artistas paranaenses escolhidos para participar do Projeto, teme que o fracasso seja grande.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
7
28/08/1985

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