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Patrícia conta como o Canadá ajuda os micros

Uma das primeiras preocupações de José Carlos Gomes de Carvalho ao assumir a Secretaria da Indústria e do Comércio, foi a de não só revitalizar os órgãos colegiados criados pelos seus antecessores, com também ampliá-los - desde uma inédita comissão formada pelos ex-titulares do cargo até a Comissão do Jovem Empresário do Paraná, integrando o grande Conselho Consultivo da Política Industrial e Comercial do Paraná. Dentro do dinamismo que o caracteriza - e o faz o exemplo do "self made man" bem sucedido, tanto na área privada como, agora, na política - e que o poderá levar até o Ministério da Indústria e Comércio (e por que não, ao Governo do Paraná), Carvalhinho quer a colaboração dos jovens executivos, que mais do que a imagem de yuppies, geralmente filhos de empresários já consolidados, representam a "geração que estará no comando do Estado no virar do milênio". Por outro lado, o Centro de Apoio a Pequena e Média Empresa do Paraná, também tem uma boa presença em termos de atividades ao menos em termos da imagem transmitida por uma eficiente assessoria de imprensa que regularmente, abastece as redações com farto noticiário de tudo que a CEAG-PR faz, principalmente em relação aos microempresários. Portanto, o Paraná já tem instrumentos que, em países do primeiro mundo, também se voltam para o fortalecimento do pequeno empresário. A jornalista curitibana Patrícia de Almeida, 24 anos - filha do veterano Ilson Almeida - analista de economia de "O Estado do Paraná", residindo desde julho último em Toronto, estreou na imprensa canadense às vésperas do Natal, publicando uma interessante reportagem ("A Program for the Young Achiever"), no "Corriere Canadense" (dias 18/19 de dezembro de 1987, página 6), abordando justamente um programa existente no Canadá para auxiliar os jovens que desejam estabelecer-se por conta própria. Excelente repórter, que em poucos anos de atividade fez carreira na imprensa curitibana - em "O Estado do Paraná" e na TV Paranaense, além de ter produzido também matérias para a revista "Visão", Patrícia Almeida decidiu, no ano passado, residir por algum tempo no Exterior. Graças a uma educação liberal, estimulada por seus pais, Ilson e Marlene (ela agora redatora da área de artes plásticas em "O Estado do Paraná"), Patrícia e sua irmã, fizeram várias viagens a Europa e Estados Unidos nos últimos anos. Enquanto a irmã preferiu a carreira de ballet - primeiro como dançarina, hoje como professora - Patrícia seguiu a vocação paterna e faz uma bonita carreira. Sem qualquer proteção maior a não ser o seu talento e competência - fala e escreve bem em inglês e francês - conseguiu um razoável emprego numa biblioteca do governo em Toronto, e, pouco a pouco, começa a ocupar um espaço na imprensa local. Sua estréia não poderia ser com uma matéria mais interessante, falando de jovens e economia - embora o seu campo de interesse, apesar da especialização de seu pai (profissional com mais de 30 anos de redação) não se restrinja apenas ao setor econômico mas, sim, tenha grande identidade na área cultural. xxx Em sua reportagem, Patrícia conta como funciona o "Operation Young", um programa criado em agosto de 1986 por Sunil Kayal, destinado basicamente a orientar e auxiliar jovens empresários - entre 18 a 27 anos - a obterem sucesso em suas iniciativas empresariais. Justamente, por considerar que 80% dos pequenos negócios tem o maior risco de fracassarem em seus três primeiros anos, Mr. Sunil Kayal idealizou um programa destinado a ampará-los. "As pessoas fracassam porque elas não sabem o que e quando fazerem um negócio apresenta dificuldades", acrescentando: "Não existem escolas, nem programas que ensinem os jovens empresários a operar pequenos negócios e é isto que a "Operation Young" busca fazer". O projeto criado há menos de três anos funciona junto ao chamado "Enterpreneuship Development Program", criado junto ao Ministério de Economia e Imigração, mas com apoio da iniciativa privada. Os resultados têm sido estimulantes (apenas 4% das microempresas que buscaram apoio do "Operation Young" faliram e graças as sucesso dos 96% restantes, apenas no primeiro ano (86/87), foram criados 243 empregos em tempo integral e 72 funções de meio expediente. Com um pequeno "staff" - apenas seis consultores - Mr. Kayal orienta os jovens empresários de uma forma prática, especialmente em noções de estratégia de mercado, dando orientação legal para suas empresas, oferecendo livros e "tudo o mais que necessitam para serem bem sucedidos nos críticos três primeiros anos de funcionamento". O "charmain" da "Operation Young" faz questão de frisar: - "Nós não damos nenhum dinheiro para eles. Mas nós ajudamos para que eles possam encontrá-lo e ganhá-lo". xxx Boa repórter, Patrícia soube sintetizar em sua matéria de cinco colunas - pouco mais de um quarto de página da edição de final de semana do "Corriere Canadense", não só a entrevista com o executivo do "Operation Young", mas também dá exemplos de alguns programas bem sucedidos. Por exemplo, na abertura da matéria, começa contando que o programa que seria apresentado na noite de Natal pela CTV, em Toronto, chamado "St. Nicholas and the Children", foi uma produção de 30 minutos, de dois jovens, Tim O'Brian, 26 anos, e Greg Dummet, 24, beneficiados pelo "Operation Young". Fundaram uma produtora de cinema e vídeo há apenas um ano e estão sendo bem sucedidos. Inicialmente fizeram dois curta-metragens sobre jazz, apresentados em festivais de cinema e estações de televisão de Toronto, com boa audiência. Cada curta custou ao redor de US$ 700, enquanto "St. Nicholas and the Children" já foi uma produção maior, com elenco de profissionais - e cujo orçamento chegou a US$ 240.000. Tim e Greg têm planos para fazer filmes e vídeos chegarem as redes de televisão dos Estados Unidos, Europa e mesmo América Latina. O BD Filme, de O'Brian e Dummet, é uma das 182 empresas apoiadas, até dezembro, pela "Operation Young", que estende suas atividades a todos os setores. Por exemplo, Dave Starret e George Mashinter, ambos com 24 anos, instalaram-se há menos de um ano com um estúdio de fotografias e designer que também vem operando com sucesso comercial. Mas a "Operation Young" não fica apenas na orientação técnica dos jovens microempresários canadenses. O "chairman" Sunil Kayal fez questão de frisar para Patrícia que "nós damos, antes de tudo, um imenso apoio moral e estímulo e eles nos fazem acreditar no sucesso". A reportagem é encerrada com uma frase de Tim O'Brian, da produtora cinematográfica: - "Acredito que eu e Greg faríamos nossa empresa triunfar de qualquer forma, mas a estrada poderia ter sido pedregosa e muito mais longa se não fosse o "Operation Young".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
25/02/1988

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