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Aramis

Paulinho da Viola no Paiol

A temporada de Paulinho da Viola (Teatro do Paiol, a partir de hoje 21 horas) adquire um especial significado para quem sabe amar a melhor emepebe: é o retorno a Curitiba de um dos compositores mais importantes aparecidos nos últimos 10 anos, com uma obra da mais alta criatividade e coerência. Sem desprezar as origens do samba carioca, muito ao contrário considerando-se um legítimo herdeiro de Carlos Cachaça e Cartola, Paulinho da Viola (Paulo César Baptista de Faria, 34 anos), filho de um dos integrantes do grupo "Epoca de Ouro", o violonista Cesar Ramos de Faria, tem uma obra hoje internacional. Há pouco, Ornela Vanoni gravou seu "Sinal Fechado " com o qual Paulinho venceu a Bienal do Samba, da TV-Record, em 1969. A cada ano, um novo disco de Paulinho significa sempre um novo marco dentro da MPB. No ano passado, o seu LP mostrou um Paulinho de preocupações ecológicas, falando da desumanização da grande cidade e pregando o amor à natureza. No momento em que Paulinho da Viola, em tão boa hora, retorna ao Paiol - onde já fez, em 1973/74, duas boas temporadas, não custa sugerir, mais uma vez, ao Ennio Marques Ferreira, presidente da Fundação Cultural, de que está na hora de melhor usando os amplos recursos financeiros que dispõe programar a vinda a Curitiba de artistas realmente importantes dentro da cultura popular, mas que, estando afastados das regras de marketing que norteia a comercial vida artística brasileira, jamais lotarão auditórios e interessarão empresários que visam apenas o lucro fácil. Assim, aproveitando o esquema que Herminio Bello de Carvalho e Albino Pinheiro introduziram no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, com espetáculos às 18:30 horas, o Paiol poderia propiciar a vinda de artistas maravilhosos como Clementina de Jesus, Moreira da Silva, Ademilde Fonseca e Avel Ferreira comandando um competente grupo de corões ao lado de Copinha (flauta), Zé da Velha (trombone) e Joel do Bandolim. O futuro Teatro da Passagem, que Rafael Grecca de Macedo inaugura no dia 23 de setembro, na galeria sobre a Rua José Bonifácio, talvez venha a sediar espetáculos musicais ao entardecer. Um grupo de compositores e intérpretes, está pensando em repetir a experiência (bem sucedida) no João Caetano a oferecer aos que esperam nas filas, os ônibus para retornarem aos seus lares, uma opção musical agradável. A idéia é boa e merece ser estimulada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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09/09/1976

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