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Aramis

Perfil - Zé Maria, um delegado apaixonado pelo cinema

Uma das poucas frustrações de José Maria de Paula Correia de sua experiência de vereador em Curitiba é o fato de que um de seus mais bem intencionados projetos de lei, embora aprovado pela Câmara e sancionado pelo então prefeito Roberto Requião, acabou virando letra-morta. Era aquele que concedia um percentual sobre a receita das salas de exibição exploradas pela Prefeitura em favor do Fundo Municipal de Cinema - um projeto que acabou sendo implantando, mas em Fortaleza. Aqui, apesar de José Maria ter chegado a chefia-de-gabinete de Requião, na Prefeitura, não conseguiu convencer ao então presidente da Fundação Cultural, Carlos Francisco Marés de Souza, a implantá-lo. E quando mudou a administração municipal, então ninguém mais falou no assunto. Agora, com a aprovação da Lei Vanhoni - que o prefeito Jaime Lerner procurou reduzir, vetando o projeto original e reapresentando-o como iniciativa oficial - a idéia do antigo Fundo Municipal de Cinema fica totalmente prejudicada - já que os recursos que advirão através da Lei Vanhoni - é assim que este meritório documento deve ser conhecido - inclui o cinema entre dezenas de outras categorias a serem beneficiadas a partir de 1992 - com recursos que, felizmente, estarão livres da nefasta politicagem da Fucucu. Quando José Maria, interpretando o desejo de cineastas da cidade, liderados por Berenice Mendes e Lu Rufalco, elaborou o projeto, o fez não apenas por um compromisso político. É que poucos homens públicos apreciam tanto o cinema como este curitibano que aprendeu desde cedo a assistir bons filmes, tendo a felicidade de ter um de seus tios paternos, o jornalista Ernani Gomes Corrêa, como um mestre no assunto. Afinal, o E.G.C. - que desde o número um da "Tribuna do Paraná", assinou a múltipla coluna "Roda Gigante", foi nos anos 50 um dos precursores da defesa do cinema de arte em Curitiba e, embora escrevendo num jornal popular, sempre soube valorizar o bom cinema - assim como outras manifestações artísticas. E esta influência fez com que seus sobrinhos, especialmente José Maria, crescessem aprendendo a amar a boa arte. Assim, dentro da área profissional que escolheu - a Segurança Pública - José Maria Correia é um dos delegados-de-carreira com melhor preparo intelectual - uma das razões pela qual foi alçado a direção da Diretoria da Polícia Civil ainda na administração Álvaro Dias e ali permaneceu, a convite do governador Roberto Requião, de quem é um dos melhores e mais fiéis amigos. Às vésperas de completar 20 anos na Polícia Civil - entrou por concurso, como comissário, em 1972, sendo aprovado quatro anos depois, em primeiro lugar, para delegado de Polícia, José Maria já passou por muitas funções, é professor da Escola de Polícia Civil e de sua liderança nata - eleito duas vezes para a presidência da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná e vice-presidente da entidade nacional - acrescentou inúmeros cursos no Brasil - recentemente, um rápido estágio no Departamento de Polícia de Miami. Ocasião em que aproveitou para dar uma esticada em Nova Iorque para percorrer as grandes lojas de discos e videocassetes e trazer algumas raridades para sua boa coleção. A política surgiu em conseqüência de seu trabalho na Associação dos Delegados e posteriormente na Federação dos Servidores Públicos, a qual também presidiu - e como vereador, entre outros projetos que viu aprovado - e implantados - foi o da criação da Guarda Municipal de Curitiba. Filho de um nome que é parte da história do turfe no Paraná - Murilo Gomes Corrêa, já falecido, Zé Maria preferiu sempre o cinema, a leitura do que as corridas de cavalos. No máximo, dedica-se ao motociclismo aos domingos - embora as (poucas) horas livres - desde que assumiu a atual função - se dedique a esposa, Maria Ângela, as filhas Adrianne, 22 e Luiz Maria, 21 - estudantes de direito e veterinária, respectivamente, "e especialmente a caçula temporão", Isadora, com um ano e seis meses. Judoca faixa preta, 3º grau, ultimamente não tem podido se dedicar ao esporte como deseja - nem torcer pelo Atlético - no qual o seu pai, Murilo, jogou e foi campeão em 1930. Aliás, sem ser cabalístico, acha que o futebol marcou a sua vida: nasceu em 1º de agosto de 1948, às 17 horas, no exato momento que o lendário Jackson marcava o gol da vitória do CAP num clássico Atletiba. Sem planos políticos imediatos - embora a possibilidade de voltar a disputar uma cadeira na Câmara não esteja totalmente afastada - José Maria Corrêa lamenta que até hoje, passados quase 10 anos da morte de seu tio Ernani Gomes Corrêa, a Fundação Cultural, dando mais uma prova de desatenção e ofensa a pessoas que marcaram a nossa cidade, não tenha editado o livro com uma seleção das crônicas que E.G.C. publicou durante mais de 20 anos em sua "Roda Gigante", na "Tribuna do Paraná". A idéia - nascida na administração anterior, mas que não teve tempo de ser viabilizada - foi totalmente esquecida pela atual direção da Fucucu. Apesar de duas sobrinhas de Gomes Corrêa terem já iniciado um trabalho de preparação do material, pesquisando nas coleções da "Tribuna". LEGENDA FOTO - José Maria Correa, diretor da Polícia Civil: um delegado com preocupações intelectuais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/11/1991

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