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Poeta Jean foi premiado em Paris mas correio atrapalha

A greve dos correios na França acabou fazendo uma intelectual vítima em Curitiba: somente há poucos dias foi que Jean Valentin Dobignies, 67 anos, desde 1953 "curitibano por opção e coração", recebeu a comunicação da Academia Francesa de Letras, de que havia merecido a medalha de prata pelo seu livro "Rue de La Porte Rouge". A solenidade para o recebimento da alta distinção literária ocorreu no dia 1º de dezembro, em Paris, numa sessão em que o conferencista oficial foi Maurice Druon, autor de um best-seller dos mais valorizados: "O Menino do Dedo Verde". Como a notícia chegou com meses de atraso, só restou a Jean Dobignies a opção de enviar uma carta ao presidente da Academia Francesa, escritor Andre Frossard, lamentando não ter podido comparecer. E agora está à espera da medalha, já despachada de Paris. Ontem à noite, no Café Poesia, Jean e sua companheira e musa inspiradora, e também escritora Maria Teresa Lacerda, comemoraram de forma informal - mas com muita poesia - a premiação. Nascido em Paris, em 12 de outubro de 1912 - por coincidência, a mesma data (dia, mês e ano) em que Cruz Machado, também nascia outra poeta - a paranaense Helena Kolody - Jean Dobignies formou-se em engenharia agronômica e nesta condição de técnico veio para o Brasil em 1951, trabalhando inicialmente na Bahia. Em 1952, dentro da política de reunir nos órgãos do Estado os melhores técnicos, o então governador Bento Munhoz da Rocha Neto convocou Jean para trabalhar na área de pesquisas agrícolas. Posteriormente, deixou o governo e se estabeleceu na área de comércio exterior, setor em que atua até hoje - auxiliado por alguns de seus 9 filhos (que já lhe deram 17 netos). Ao lado da formação técnica e das atividades empresariais, Jean Valentin Dobignies é um intelectual de formação clássica, conhecedor profundo das obras dos grandes autores mundiais e, como bom francês, apaixonado pela obra de François Villon (1431-1463), poeta e aventureiro medieval - cuja vida fascinante inspirou um dos grandes sucessos da Broadway ("O Rei Vagabundo"), posteriormente (1955) levada ao cinema, com o cantor Orestes no papel central. "Rue da la Porte Rouge", publicado em Curitiba, há dois anos (edição do autor, 125 páginas), teve seus 80 poemas dedicados a Villon. Esta obra, enviada a críticos e escritores franceses foi que lhe valeu a medalha de prata da Academia de Letras da França, reconhecendo assim os seus méritos de poeta. Em 1968, pelas edições Jean Grassiteint, Jean havia publicado "Barques et Marinées". Em 1980, dedicado a Maria Teresa Lacerda, publicou outro livro de poemas - "Une Histoire De Amour", também muito elogiado. Por escrever e publicar em francês, naturalmente sua obra permanece restrita a um círculo de amigos - sendo alguns poucos exemplares enviados ao Exterior, especialmente à França - país que visita anualmente. Agora, com a premiação obtida - e deixando a modéstia que o caracteriza - é possível que em termos locais se dê a Jean as homenagens (e a divulgação) que merece. LEGENDA FOTO - Jean Dobignies, poeta francês que se "curitibanizou" desde 1952 (na foto, com sua neta Nadine), mereceu uma das maiores distinções da Academia Francesa de Letras: a medalha de prata pelo seu livro "Rue de La Porte Rouge". Como não foi a Paris para recebê-lo, comemorou ontem a distinção recebida da famosa instituição intelectual francesa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
02/04/1989

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