Política e fé na busca de prefixos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de maio de 1989
Mudanças nos comandos de algumas emissoras da cidade. O deputado José Felinto - não se sabe, exatamente, se individualmente ou representando algum grupo político - arrendou a Rádio Capital AM - o que no mínimo significa uma mudança em sua programação e o veto total a qualquer notícia que se relacione, direta ou indiretamente, com o deputado Neivo Beraldim, o maior inimigo de Felinto.
Palito (Lourival Pedrazziani), cujos bons projetos para fazer da antiga Rádio Estadual do Paraná uma Fundação de Rádio e TV, acabaram afundadas na reforma administrativa (o que poderá levá-lo também a deixar a direção da emissora estatal) é o novo comandante da FM Antena 1, adquirida (ao que consta por US$ 200 mil) pelo empresário Hélio Barroso Filho. Tendo vendido as três rádios Atalaia (Curitiba, Londrina e Belo Horizonte), para a poderosa Igreja Universal do Reino de Deus - numa operação que teria chegado a US$ 8 milhões - Barroso não vai deixar o setor de rádio. Adquiriu a Antena 1, para formar uma nova cadeia de emissoras, inicialmente em FM, mas com a programação brega que garante audiência maior. Palito, ligado ao grupo há mais de 20 anos, naturalmente não ficou de fora e já está reestruturando a Antena 1 - que vai ganhar novo nome.
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Com a entrada de mais um grupo evangélico na radiofonia curitibana, já são três os núcleos de pastores que fazem o messianismo eletrônico, cada vez com maior vigor. O deputado Mateus Iensen, dono da veterana Marumbi, depois que apresentou o projeto de lei que garantiu os 5 anos do presidente José Sarney, ganhou várias concessões de rádios - a primeira das quais é uma FM em Campo Largo, mas que só terá a torre naquele município - ao que consta. O pastor David Miranda, da Igreja Deus é Amor, há muito já tem a poderosa Rádio Universo (que foi, um dia, a Emissora Paranaense). Grupos religiosos também andaram fazendo propostas ao jovem Hélio Pimentel, sócio-diretor da Estação Primeira, interessados na concessão da AM que está conquistando.
Os planos da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como executivo em Curitiba o rígido pastor João Batista (e se espraia por mais de 600 templos, Brasil afora), são amplos. De princípio, com milhões de dólares, adquiriram uma dezena de emissoras - incluindo as três do grupo Atalaia. As negociações começaram há mais de um ano e apesar do alto preço que Hélio Barroso Filho colocou, o grupo evangélico não regateou: pagou à vista. Na formação de sua rede, a Igreja Universal do Reino de Deus inclui também emissoras em Santos, Porto Alegre, São Paulo e dois prefixos no Rio de Janeiro (Ipanema e Copacabana).
A programação, naturalmente, mudou totalmente, e, em Curitiba, praticamente não ficou ninguém da equipe de proa: de Luís Carlos Martins ao diretor comercial, Emilson Pohl, todos saíram. Aliás, estes dois bons profissionais - Martins (que também é vereador) e Pohl - já estão na equipe da Rádio Clube Paranaense, que pertence à Cúria Metropolitana (associada à família Demeterco), é quem acabou ganhando um reforço especial. O veterano Ubiratan Lustosa continua no comando geral da emissora. Os irmãos Demeterco, que há alguns meses se associaram à emissora, o fizeram como investimento - sem preocupação de obterem lucros imediatos.
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