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Pompília e Samuel, os nossos novos imortais

Vinte e um intelectuais paranaenses terão nesta quarta-feira, 3, oportunidade de mostrarem dignidade e homenagearem duas das maiores personalidades de nossa vida cultural. A eleição - que deve ser por unanimidade - de Pompília Lopes dos santos, 91 anos e Samuel Guimarães da Costa, 72, para as cadeiras 37 e 20 da Academia de Letras do Paraná (*), transcede as limitações daquela entidade fundada em 26 de setembro de 1936 pelo escritor Ulisses Falcão Vieira. A escolha de dona Pompília Lopes dos Santos para a cadeira que tem, justamente, como antecessor, o seu falecido marido, também escritor, poeta e professor Dario Nogueira dos Santos (1899-1980) significará a entrada na Academia Paranaense de Letras da primeira mulher em sua história. Só agora, 20 anos depois que a Academia Brasileira de letras admitiu a escritora Rachel de Queiroz - abrindo assim espaço para que outras escritoras ali fossem recebidas - é que os nossos imortais sensibilizaram-se (e esclareceram-se) o suficiente para o óbvio ululante: ninguém mais do que a autora de "A Fila Triste" - uma entre tantas obras - merece esta homenagem. Há um ano, em 7 de agosto, quando do 90o. aniversário de dona Pompília, lhe dedicamos toda uma página, publicando inclusive, com exclusividade, trechos de seu novo livro de memórias que já concluiu - e que deve ser lançado em breve. A unanimidade em torno de dona Pompília para ser a primeira mulher a entrar em nossa Academia Paranaense de Letras é tanta, que a outra maravilhosa paranaense que também chegou a ser lembrada para esta distinção - nossa poeta maior Helena Kolody, em sua generosidade, abriu mão de sua candidatura, formalizando seu irrestrito apoio a dona Pompília. Ainda este ano, entretanto, Helena deverá ser a segunda mulher a ter ingresso na Academia. xxx Igualmente inquestionável é a eleição - que se espera, se não tiver unanimidade o que já seria uma prova de inteligência dos 21 acadêmicos, ao menos com uma grande maioria, á a do jornalista e escritor Samuel Guimarães da Costa. Com mais de 50 anos de jornalismo e uma obra espalhada não só em uma dezena de livros mas em milhares de páginas de jornais e revistas pelas quais passou ao longo de uma vida de muito trabalho e honradez. Samuca é há muito, reconhecidamente, a maior expressão da inteligência paranaense. De Manoel Ribas e Álvaro Dias, praticamente nenhum governador dispensou a sua colaboração - recorrendo a sua lucidez, seus profundos conhecimentos do Paraná, sua política, sua economia, seu povo - para não só apenas em textos oficiais (só o que escreveu em discursos daria para mais de uma dezena de volumes), mas inclusive como conselheiro e mesmo assessor. Quando governador, Paulo Pimentel teve a felicidade de contar com a sua competência e habilidade na chefia de sua Casa Civil - fator de tranqüilidade e harmonia que permitiu um dos períodos mais produtivos na administração do Estado. Avesso a homenagens e distinções, Samuel relutou em aceitar sua indicação à Academia Paranaense de Letras - só fazendo após ser exposto que seu ingresso na mesma será um fator importantíssimo para a própria evolução da entidade, que apesar de ter 40 cadeiras, possui hoje apenas 21 integrantes. O presidente Felício Raittani e o secretário Valério Hoerner Jr. - com apoio de muitos dos imortais - preocupam-se em que haja uma ocupação das vagas, com uma previsão de preenchimento para mais duas delas ainda este ano - a qual poderão concorrer novamente os três outros candidatos que, desta vez, habilitaram-se mas que, antecipadamente sabem que só mesmo por um desastre intelectual é que Samuel deixará de ser eleito. Simbolicamente, concorrem a cadeira 20 - que tem como patrono Alberico Silva (1845-1905), o coronel Waldyr Jansen de Mello, 71 anos, autor de 30 livros e membro de mais de 50 instituições; o cronista e poeta Harney Clovis Stocchero, 66 e o poeta Antônio Rogério Zusniak, 33, autor de um único livro ( "Traços ", poemas). Nota: (*) A cadeira 37, para a qual será eleita a poeta Pompília Lopes dos santos, foi fundada por Vicente Nascimento Jr. e ocupada sucessivamente por José Augusto Gumy (1889-1968) e Dario L. Santos. Na cadeira 20, fundada por José Niepce da Silva (1896-1939), passaram Ciro Silva (1883-1968) e Francisco Pereira da Silva (1909-1960).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
03/07/1991

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